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Fora de pauta: a hora do dilúvio

Sou jornalista por formação, mas repórter na essência. A função da reportagem se dá nas ruas e no contato com as pessoas. É preciso saber perguntar, mas é imprescindível estar pronto e disposto para ouvir. Entretanto, mesmo para quem vive reportando, algumas histórias são mais dolorosas de ouvir e difíceis de contar. Especialmente aquelas que envolvem perdas.

Tivemos na noite de quinta-feira, entre 18h30 e 19h30, uma chuva torrencial em Santa Cruz do Sul. Eu estava “no ar” na apresentação do programa Redação Interativa, atração do final de tarde da Rádio Gazeta FM 107,9, e observei a disparada do marcador da nossa Estação Meteorológica. Foram cerca de 100 milímetros de precipitação no período de uma hora. Confesso que pensei inicialmente se tratar de uma falha no mecanismo que mede o índice pluviométrico. Obviamente, não era.

Ao passo que a chuvarada começou a causar alagamentos pela cidade, as ligações e as mensagens começaram a respingar de todos os lados. Vídeos, imagens e relatos de moradores de diversos bairros, dando conta de um verdadeiro colapso das estruturas. Ruas inundadas, casas avariadas, carros arrastados e móveis perdidos. Danos de toda ordem.

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Dos inúmeros casos observados, entre a noite de quinta e a sexta-feira, considero alguns emblemáticos. No Bairro Santo Inácio, um muro de aproximadamente 5 metros de altura, que separa um condomínio fechado dos fundos das residências localizadas na Rua Padre Anchieta, cedeu à irredutível força das águas e liberou uma enxurrada. A água enlamaçada levou tudo o que estava pela frente, causando inúmeros estragos nas residências próximas. Felizmente, os moradores conseguiram escapar, mas não sem enfrentarem momentos de absoluta tensão e medo.

Simbólica é a fala de Vandélio Puntel, que teve o interior de sua casa inundada e os móveis destruídos. Abalado, mas resiliente, ele relatou os momentos de pavor enfrentados pela família. Precisou jogar a filha por sobre a grade para que ela escapasse da inundação e contou com a ajuda de vizinhos para resgatar a sogra acamada. Salvou três cães, mas perdeu o companheiro Heros, o pastor alemão que o acompanhava há 13 anos. Além disso, seu carro de trabalho e os outros dois que pertencem à família foram arrastados e avariados pelo alagamento. Perda total nos veículos, possivelmente.

É preciso fazer um registro: realizamos nessa sexta uma edição superespecial do Rede Social, programa que ocorre de segundas a sextas-feiras, das 13 às 15 horas na Rádio Gazeta. Saímos do estúdio e fomos às ruas conversar com os santa-cruzenses sobre a chuvarada que atingiu a cidade. Foi uma baita experiência.

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P.S.: Um agradecimento especial para o Éder “Bambam” Soares, responsável técnico pelo nosso trabalho de externa, que viabilizou essa edição atípica do Rede. Também ao Kaio Machado, que estava nos controles da mesa de áudio no estúdio. Claro, um salve ao Ronaldo Falkenback e ao Leandro Siqueira, os gestores da emissora, que permitiram a incursão. Ainda, parabéns a todos os colegas de Redação Integrada que, mais uma vez, trabalharam duro na cobertura e, de forma especial, à Lucimara Silva, companheira de vida e parceira de trabalho, que fez dupla na cobertura pela Unidade Móvel na noite de quinta-feira.

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