Em 1945 foi instituído pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) o Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 de outubro. É um tema atual porque envolve miséria e saúde, um paradoxo inacreditável, mas real. Os dados que envolvem o desperdício de alimentos no mundo são impressionantes. Estima-se que 1,3 bilhão de toneladas de comida são jogadas no lixo por ano. Isso significa um prejuízo de US$ 750 bilhões anuais. Enquanto isso, existem hoje, no mundo, 821 milhões de pessoas que vivem com fome.
Somente no Brasil são descartadas 15 milhões de toneladas de alimentos a cada ano. Num país em que 5,2 milhões de pessoas passam fome, isso é inadmissível. Do total desperdiçado em território nacional, 54% da perda acontece na fase final da produção. O restante é inutilizado ainda nas fases de processamento, distribuição e consumo.
Os dados são estarrecedores. Exigem, com urgência, políticas para a adoção de campanhas para o aproveitamento integral dos alimentos. Existem muitos exemplos de iniciativas que ensinam sobre a utilização de folhas, talos, cascas e sementes de frutas e legumes.
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A internet é pródiga na disseminação de receitas de uso integral dos alimentos, mas são os governos – nos três níveis – que deveriam ser mais efetivos. A escola e a família deveriam estimular a consciência sobre a necessidade de evitar-se o desperdício de alimentos. Inúmeras legislações de diversos municípios proíbem a distribuição de sobras de refeições em bares e restaurantes, invocando o conceito de segurança alimentar.
O volume de alimentos descartados afronta outra estatística. Segundo a Organização Mundial da Saúde, um em cada oito adultos no mundo é obeso. Até 2025 serão 2,3 bilhões com excesso de peso. Desse total, 700 milhões sofrerão de obesidade, além de pré-diabetes, hipertensão e acúmulo de gordura no fígado.
De um lado, comida jogada no lixo em toneladas. De outro, um contingente crescente de obesos. Entre essas duas estatísticas está à espreita a fome, flagelo de muitos países incapazes de atender às necessidades básicas de suas populações.
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Nesse contexto, o Dia Mundial da Alimentação passa quase despercebido. Deveria ter a divulgação semelhante ao Outubro Rosa e outras iniciativas de advertência e estímulo a boas práticas. O desprezo com os alimentos é mais um absurdo do mundo moderno. É comum constatar em nosso dia a dia que muita gente, ao servir-se num bufê, exagera. Isso gera lixo, desperdício e grande revolta diante daqueles que não dispõem do mínimo para sobreviver.