“Foi um prêmio poder contribuir com meu país”, diz ex-secretário de Agricultura Familiar

O ex-prefeito de Rio Pardo, Fernando Schwanke, deixa oficialmente nesta quarta-feira, 30, o cargo de secretário de Agricultura Familiar que ocupa no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desde 2 de janeiro de 2019. O político assumirá a diretoria de Projetos do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), com sede em San Jose, na Costa Rica. O órgão é ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA). A missão no país latino começa no dia 12 de julho.

O convite para atuar no instituto veio ainda no fim de 2020, mas o político rio-pardense havia adiado a aceitação até agora para participar da formatação do Plano Safra 2021/2022, lançado no último dia 22. Entre a saída do Mapa e o ingresso na nova função, Schwanke veio à região pa-ra um período com a família em sua chácara, na divisa entre Pantano Grande e Encruzilhada do Sul. Ele conversou com a Gazeta do Sul e relembrou os desafios à frente do cargo nacional e disse o que espera da nova oportunidade, agora internacional.

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ENTREVISTA
Gazeta do Sul – Em relação ao Plano Safra deste ano, anunciado pelo governo na última semana, quais foram as principais evoluções em relação aos anos anteriores, especialmente para a agricultura familiar?

Fernando Schwanke – Houve muita evolução de uns anos para cá. Houve aumento de recursos desde o Plano Safra 2018/2019 – que não foi no nosso governo – para esses três que fizemos na sequência. Foi pelo menos 21% a mais na liberação de recursos. Neste mês, estamos passando de R$ 70 bilhões contratados somente para a agricultura familiar nestes dois anos e meio. Esse recurso realmente é espetacular. Ocorreu crescimento de 17% nos investimentos. Quando a gente olha só o Rio Grande do Sul, foram R$ 17 bilhões liberados do total de R$ 70 bilhões. Estamos passando de 3,5 milhões de operações contratadas, o que representa aumento de 11% em relação ao Plano Safra 2018/2019. Todas essas são evoluções importantes que mostram que a política ficou mais acessível. Somente em relação ao plano em vigor, aumentamos os recursos para a agricultura familiar em 19%. Passamos de R$ 33 bilhões, lançados no ano passado, para R$ 40 bilhões este ano. É muito recurso, o que nos dá a certeza de que vamos poder contratar o mesmo número operações de 2020, até porque sabemos que tem um aumento de custo de produção dentro desse processo. Isso tudo foi um esforço muito grande do governo federal – presidente Jair Bolsonaro, ministra Tereza Cristina – para que pudesse ser feito um plano acessível aos agricultores.

Como foi a experiência no ministério? Quais foram os maiores desafios, conquistas e avanços?

Para mim, que sou profissional da área – engenheiro florestal – , ex-secretário de Agricultura em Santa Cruz do Sul e Rio Pardo, e atuando há 20 anos como consultor em vários projetos de agropecuária pelo Sebrae no Brasil inteiro, com certeza este foi o maior desafio e a maior recompensa que tive na vida. O Ministério da Agricultura é onde você consegue implementar políticas públicas que tenham impacto em nível nacional, o que para um profissional da área não tem preço. Eu não consigo mensurar o quanto isso representa para minha vida. Um dos grandes desafios na chegada foi inserir o tema da Agricultura Familiar no âmbito do Ministério da Agricultura e acredito que fomos vitoriosos. Dentre as conquistas, temos os programas que lançamos e que fazem a diferença na vida de muitos agricultores. Eu agradeço a Deus; à ministra Tereza Cristina, que confiou; à minha relação com o deputado federal Alceu Moreira. Isso tudo foi um prêmio, poder contribuir com meu país, meu Estado e minha região.

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Como e quando surgiu o convite para assumir a diretoria de Projetos do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura?

Essa possibilidade aconteceu a partir de um convite do diretor geral do IICA. O Ministério da Agricultura tem relação com esses programas internacionais de cooperação técnica e eu comandei, por dois anos, a reunião especializada da agricultura familiar do Mercosul. E nisso nós conversamos muito com esses organismos internacionais. Quando se tinha a expectativa de que a agricultura familiar pudesse ser esvaziada, ganhou mais relevância que em outros governos. Vemos que proporcionalmente, desde 2013 nunca se teve tantos recursos para a agricultura familiar, o que mostra o compromisso desse governo em investir nesse setor. Obviamente que isso tem uma grande repercussão internacional, o que me levou a receber o convite. Fiquei muito honrado porque o convite aconteceu em novembro do ano passado, mas eu disse que não sairia antes de lançarmos o novo Plano Safra. Tinha o compromisso de complementarmos esse trabalho e, a partir daí, eu iria ingressar neste novo compromisso, desta vez em âmbito internacional. É uma oportunidade muito grande para mim, é um cargo com status diplomático. Vou ocupar uma diretoria de projetos em um instituto que tem representação em 34 países. É sediada em San Jose, na Costa Rica, e dali comanda seus escritórios nas américas do Norte, Central e do Sul. Tenho certeza que vou poder colaborar também com este instituto e manter as relações que temos com o nosso país.

Mesmo atuando na nova função, pretende seguir acompanhando projetos na região, especialmente o das plantas bioativas da Universidade de Santa Cruz do Sul?

Vou continuar acompanhando. Implementamos a construção deste projeto de uma cadeia produtiva de plantas aromáticas e bioativas, coordenado pelo professor Sandro Hillebrand, se consolidando com empresas compradoras e produtos mapeados. Semana passada fizemos uma avaliação e os resultados são muito significativos. A tendência nesse setor é crescer, pois o Brasil é importador dessas essências e tem uma similaridade muito importante com o tabaco.

Quais serão as principais atribuições no IICA? Quando viajará para a Costa Rica?

O IICA é um organismo internacional de cooperação técnica entre países no tema da agricultura. O instituto teve um papel importante na constituição da Embrapa, com muito trabalho prestado em nível internacional. A diretoria de projetos cuidará desse setor da agricultura e da captação de recursos, também com fundos internacionais. Minha previsão de viagem é o dia 9 de julho e a partir do dia 12 me apresento para conhecer e interagir. O convite foi feito para que eu fique no mínimo quatro anos. A diretoria-geral é de um argentino, Manuel Otero, que deverá ser reeleita no começo de setembro, com a vice-diretoria-geral de um americano, Lloyd Day. Vou começar esse novo mandado junto com eles. Que possamos ajudar essa grande instituição das américas. Teremos desafios enormes. Alguns na sequência dizem respeito à cúpula dos sistemas alimentares, em novembro, e depois, a cúpula do clima. Quero manter meus vínculos com a região, minha casa continua em Rio Pardo, minha propriedade rural fica entre Pantano e Encruzilhada. No ano que vem minha esposa e filha devem ir para a Costa Rica, mas vamos ficar sempre indo e vindo, dentro do possível. E quando encerrar esse período, que possamos voltar e morarmos na nossa residência novamente.

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Equipe de Schwanke na secretaria agradeceu pelo trabalho prestado pelo político

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