Antes que janeiro fechasse, Romar Beling abriu espaço para um tema virtuoso: o bem-estar das árvores. No último sábado, 12, na coluna dela, Lissi Bender endossou a proposição. Por sua vez, Lourdes Hübler, nessa terça-feira, 15, no artigo “A semente nova tem fé”, nos convoca para a compreensão da Terra enquanto ser vivo que sente e respira como nós. Agora, na quinta-feira, 17, Dulci Hohgraefe nos brinda com um texto que nos remete ao pertencimento e gratidão para com nossa mãe natureza. Sim, da rosa dos ventos se aproximam os sopros florestais.
Do norte nos chega a experiência ousada de Eliane Brum, que não se contenta em visitar, conhecer e descrever. Como jornalista, Eliane transmite a convicção de que estudar e demonstrar o quanto a Amazônia está sendo destruída não é suficiente. Há que se mergulhar, por inteiro. Com o que, desde 2017, passou a morar em Altamira, não apenas num novo endereço, mas enquanto experimento de si mesma. A floresta destruída deixa de ser algo externo ou uma notícia trágica a mais. Como ela própria diz: “A destruição da Amazônia tornou-se para mim uma questão pessoal, passei a compreender a corrosão da floresta como a corrosão do meu próprio corpo, e não num sentido apenas intelectual. Ou retórico. Passei a me entender como floresta. O entendimento de mim como uma realidade expandida me levou à compreensão de que a luta pela floresta é a luta contra o patriarcado, contra o feminicídio, contra o racismo, contra o binarismo de gênero. E também contra a centralidade da pessoa humana.” (Banzeiro Òkòtó: uma viagem à Amazônia Centro do Mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2021, pg. 49). A escritora não se mudou apenas de São Paulo para Altamira, mas se transmutou em floresta amazônica de todos os lugares.
Do centro do país, Gilberto Gil nos encanta em “reflorestas”. Num clipe, a câmera vai fechando nos olhos do cantor que se abrem em árvores. A música conclama para uma campanha que pretende ir além do alerta sobre o desmatamento, até porque urge não apenas frear a devastação, mas recuperar e revitalizar as áreas degradadas. Por sua vez, do vale do Rio Doce, Plínio Salgado reverbera uma potência florestal regenerativa a partir da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Bulcão.
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Assim, se alguns são publicamente reconhecidos pela luta, quantos são os que a ela se dedicam na discrição das possibilidades? Entre esses estão os que defendem as árvores da rua e terreno; aqueles que aplaudem as manifestações em favor da natureza nos seminários e encontros; os que leem, produzem e divulgam obras conscientizadoras e também aqueles que educam para a preservação e os que adaptam a obra ao terreno e não este àquela, entre outras iniciativas benfazejas ao ecossistema.
A árvore é um universo. Cuidar de uma árvore é zelar por todas as coexistências, entre as quais a humana. O bem-estar das árvores é o nosso bem-estar, o que envolve dedicação, respeito, sabedoria, afeto e diálogo. A natureza se apresenta e fala. Florestemo-nos!
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