Após 13 meses fechadas em função da pandemia, a situação das salas de cinema no Estado é de calamidade. Muitos empresários não sabem se será possível reabrir, e outros continuam em busca do auxílio emergencial gaúcho destinado às empresas mais afetadas pela pandemia, que não incluiu os exibidores cinematográficos.
Mas todos pedem o mesmo: que seja possível reabrir as salas, mesmo que com restrições e medidas rígidas de distanciamento e limpeza. A expectativa da categoria era de que o retorno à bandeira vermelha no distanciamento controlado viesse a permitir a reabertura, o que não aconteceu.
Sócia-proprietária do Cine Santa Cruz e do Cine Max, Cristchie Bechert se diz frustrada e decepcionada com a postura do governo do Estado. “No total dos últimos 400 dias, ficamos de portas abertas aproximadamente 50 dias. Foi um retrocesso a eliminação da cogestão, que tinha amplo sucesso, e cada região sabe do que é melhor para si.” Até mesmo o fornecimento dos conteúdos pelas distribuidoras já foi retomado, com um calendário de estreias de filmes atrativos que dão suporte à retomada das exibições.
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“Seguimos na mesma: sem poder abrir e sem qualquer diálogo ou retorno de nossos pedidos de socorro. Estamos praticamente implorando pelo direito de poder trabalhar para, dessa forma, recebermos nossa remuneração, que é a única forma de provermos a subsistência das famílias que dependem do cinema”, desabafa. Ela reforça que os protocolos são comprovadamente eficazes e não há nenhuma relação do cinema com contaminação, e considera o tratamento recebido pelas empresas como injusto.
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Segundo o presidente do Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas no Estado do Rio Grande do Sul e sócio-proprietário do GNC Cinemas, Hormar Castello Júnior, a esperança é de que os administradores estaduais olhem para os cinemas como uma atividade séria e com futuro. Envolvido com cinema desde que nasceu, com a família no ramo há aproximadamente cem anos, o empresário aponta que as salas de exibição são grandes aliadas das autoridades sanitárias.
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“Nossa atividade é limpa, tranquila e merece um olhar de aliado e não de vilão, como temos sido tratados recentemente. Em Porto Alegre, pelo menos, o recém-empossado governo municipal já entendeu o nosso funcionamento e comprou essa ideia. Com os protocolos existentes, poderíamos operar tranquilamente. Já o governo estadual nos parece dissociado da realidade”, afirma. O sindicato já encaminhou ofícios e realizou encontros com as autoridades solicitando a reabertura, mas não obteve respostas.
Os prejuízos para o setor são incalculáveis, segundo Castello. “Estamos há praticamente 13 meses com nossa atividade impedida de operar, o que causou demissões e o puro e simples fechamento de empresas do ramo. Sem qualquer faturamento, não temos como sobreviver. Algumas empresas muito tradicionais já se manifestaram no sentido de que não terão mais condições de retomar suas operações, o que nos deixa muito descontentes com essa atitude passiva do governo estadual.”
Para o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Airton Ortiz, o cinema é o local ideal para assistir a filmes e a pandemia tem sido uma perda para as empresas, mas também para os espectadores. “Na tela grande, a gente se sente dentro da ação. O cinema dá condições de som, é muito diferente de assistir a um filme em casa; com a tela pequena não é tão envolvente”, frisa. “O cinema, principalmente, permite que se tenha uma concentração absoluta no filme que está passando, enquanto em casa, por mais isolado que seja, sempre há outras interferências. O cinema é imprescindível.”
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Ortiz aponta que as salas já vêm perdendo público, e com as restrições da pandemia ficou muito pior. Um dos setores da cultura mais prejudicados pelo isolamento social, o cinema ainda não retomou suas atividades. “Por melhor que sejam a ventilação e o distanciamento, por ser uma sala fechada, as pessoas estão preocupadas, ficam mais receosas de entrar e assistir a um filme. Então, é um grande prejuízo para a indústria do cinema esse momento que nós estamos vivendo.”
Ele acredita que as salas deveriam ir abrindo aos poucos, e com todos os cuidados, seguindo os protocolos de distanciamento; que se busquem maneiras de tornar os espaços mais arejados, e que se evite a formação de filas na entrada e na saída. “Acho que aos poucos isso deve ser implantado para que se possa ir ao cinema, mas, infelizmente, a solução para resolver o problema só virá mesmo quando a população estiver imunizada com a vacina. A nossa luta agora é por vacina para retomar nossa vida normal e, em especial, o cinema. É impossível desfrutar um filme com toda a sua complexidade e maravilha se não for em uma sala de cinema.”
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Para reabrir e retomar as atividades, as salas de cinema se dispõem a seguir os protocolos de segurança exigidos. Na chegada, haveria medição de temperatura dos espectadores. A venda de ingressos online seria estimulada, as filas seriam feitas com distanciamento mínimo exigido e haveria álcool gel disponível.
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“As sessões têm horários intercalados, de modo que não se formem filas nas áreas internas e de circulação dos cinemas. Os lugares são limitados a um percentual de ocupação da sala (40%, por exemplo) e marcados, respeitando-se um espaço mínimo entre cada assistente; durante a exibição, solicita-se a permanência com a máscara, excetuando-se o momento do consumo dos alimentos”, explica Hormar Castello Júnior.
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As salas seriam higienizadas inclusive no intervalo das sessões. Há preocupação com a troca dos filtros da aparelhagem de ar-condicionado, trazendo ar puro para o interior das salas. “Esses protocolos foram definidos nacionalmente e internacionalmente, além de terem sido demonstrados in loco para as autoridades da saúde do Estado. Dessa maneira, entendemos que as salas de cinema são seguras para a exibição de filmes, sem qualquer dúvida.”
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