Citando o alto endividamento do país e a falta de progresso de reformas que reduzam os gastos públicos, a agência de classificação de risco Fitch manteve o Brasil com a nota BB-, três níveis abaixo do grau de investimento (selo de bom pagador). A agência manteve perspectiva estável para o país, indicando que a classificação não deve ser alterada nos próximos meses.
Em comunicado, a Fitch ressaltou que o Brasil tem problemas na estrutura dos gastos públicos e incertezas políticas que podem comprometer o crescimento no médio prazo. “Os ratings [notas] do Brasil são limitados pelas fraquezas estruturais nas finanças públicas e pelo alto endividamento do governo, pelas fracas perspectivas de crescimento, por um ambiente político desafiador e por questões relacionadas à corrupção que pesaram na efetiva formulação de políticas econômicas e prejudicaram o progresso das reformas”, destacou o texto.
A greve dos caminhoneiros, de acordo com a Fitch, também comprometeu as expectativas de crescimento econômico para este ano. Apesar de listar problemas no curto prazo, o comunicado destacou que uma eventual dissolução das incertezas políticas após as eleições deste ano e o apoio da demanda externa (crescimento das exportações e entrada de capitais no país) podem fazer o Brasil experimentar uma recuperação econômica sustentável em 2019 e 2020.
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A avaliação da Fitch ocorre seis meses depois de a agência rebaixar a classificação do Brasil. Em janeiro, a Standard & Poor’s, outra das principais agências de avaliação de risco, havia reduzido a nota do país para três níveis abaixo do grau de investimento.
A única agência a divergir das duas é a Moody’s, que manteve o Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento e, em abril, melhorou a perspectiva de negativa para estável.
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Medida de confiança
A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores.
O grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida pública. Abaixo dessa categoria, está o grau especulativo, cuja probabilidade de deixar de pagar a dívida pública sobe à medida que a nota diminui.
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No caso dos títulos públicos, o grau de investimento ajuda um país a conseguir juros mais baixos nos papéis da dívida externa. Por meio da dívida pública, um governo emite títulos para levantar recursos no mercado financeiro. O dinheiro serve para atender às necessidades de financiamento e permitir que o Tesouro honre os compromissos de curto prazo. Em troca, o governo compromete-se a devolver o dinheiro aos investidores com juros. Quanto menores as taxas, maior a confiança na capacidade de pagamento do país.
Embora as notas sirvam de parâmetro para credibilidade de governos e de empresas no mercado financeiro, as agências de classificação de risco enfrentam críticas por terem errado nos prognósticos. Antes de 2008, as agências deram notas altas para as operações de venda de créditos imobiliários nos Estados Unidos, que entraram em colapso e desencadearam uma crise econômica global. Em 2013, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu investigação contra a Standard & Poor’s por suspeita de fraude na classificação de produtos hipotecários.
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