Seja por vontade ou por necessidade, quem fica em Santa Cruz do Sul para os festejos de fim de ano já sabe que vai desfrutar de uma cidade com menos agitação e mais espaço nas ruas. Já é tradicional que após o dia 25 de dezembro, com o encerramento das comemorações de Natal, o movimento da população rumo ao Litoral se intensifique. O resultado são ruas vazias e um clima de tranquilidade para quem aproveita os espaços públicos.
No último dia do ano, sábado, a região central da cidade praticamente parou após o meio-dia. Pela manhã, muita gente aproveitou para fazer as compras para a ceia de réveillon ou até garantir o último almoço de 2022 nos restaurantes que abriram as portas – para uma grande parte do comércio, a sexta-feira encerrou o ano.
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No início da tarde do dia 31, com temperaturas em torno dos 35 graus, era visível a redução no movimento das praças e avenidas. Em muitas lojas que ainda estavam abertas após o meio-dia, o expediente se encerrou no meio da tarde em virtude da falta de gente nas ruas.
Mas o trânsito reduzido de pessoas também foi uma oportunidade para relaxar na sombra das árvores, aproveitando o dia. Foi o caso dos integrantes da família Lemos, que tiraram alguns momentos na Praça Getúlio Vargas para descansar e esperar a contagem regressiva da virada de ano. Marco Lemos conta que a família optou por ficar na cidade. Apesar do pouco movimento nesta época, o corretor de imóveis percebe um aumento na quantidade de pessoas nas ruas em relação aos outros anos.
“Apreciamos o Natal e agora vamos passar o réveillon em casa. Sempre tem alguma coisa para a gente frequentar em Santa Cruz. Tem quem goste de mais tranquilidade, eu gosto um pouco mais do agito”, diz. “A cidade fica vazia, mas perto de anos passados, está cada vez mais movimentada. A população está crescendo e muita gente permanece por causa do trabalho. Acredito que a cidade está evoluindo da maneira que tem que ser, e tem oportunidade para todo mundo.”
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Marcos não descarta uma saída para viajar nos próximos dias. Desta vez, porém, ele preferiu deixar passar a correria do fim de ano no Litoral e aguardar um período mais calmo para pegar a estrada.
A mãe de Marcos, Ilzina Lemos, de 74 anos, diz que não sente muita diferença em relação ao local onde passa os festejos de fim de ano. Na virada de 2021 para 2022 ela esteve no Litoral, mas considera que o importante são os momentos que pode aproveitar com os familiares. “No ano passado, passei na praia. A diferença é pouca, lá tem água e aqui não tem, mas com a família é a mesma coisa”, diverte-se a moradora do Centro.
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Ela esperava a noite para reunir os familiares com um churrasco. “E não pode faltar a tradicional lentilha, para entrar o ano com dinheiro e muita saúde, que é o principal”, completa.
A neta de Ilzina, a estudante Isadora Lemos, de 16 anos, também avalia que ficar na cidade ao invés de rumar para a praia não é exatamente ruim. Durante as férias escolares, ela aproveita o centro de Santa Cruz do Sul com os amigos à noite. “Para mim não tem diferença. Aqui é divertido, posso sair mais e não está tão movimentado, com muito barulho”, afirma a aluna da Escola Nossa Senhora do Rosário.
Essenciais para o funcionamento da sociedade, profissionais da segurança pública como membros da Guarda Municipal, polícia, Corpo de Bombeiros e Samu não têm como escolher ficar com a família em datas como Natal e Ano-Novo. Trabalhando no sistema de escalas, os protetores da cidade estão sempre em alerta. Nem mesmo à meia-noite, quando espocam os foguetes e as taças brindam um novo ano, a profissão pode ser deixada de lado.
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Um dos integrantes mais experientes da Guarda Municipal de Santa Cruz é o inspetor Luís Carlos Trinks. Membro da corporação desde sua inauguração, há 26 anos, foram várias as vezes em que precisou deixar a família em segundo plano para cumprir sua missão de vigiar e servir, pelo bem da população.
“A parte da segurança pública, seja municipal, estadual ou federal, não para, é 24 horas. A gente trabalha por escala, e o profissional cumpre horário mesmo se é Ano-Novo ou Natal. Temos que atuar e cuidar da segurança de quem está aproveitando seu lazer.”
Com grande experiência, Trinks diz que por inúmeras vezes trabalhou durante o Natal e o Ano-Novo, assim como fez na tarde do último sábado. Segundo a impressão dele, por coincidência ou não, nessas datas acontecem os casos mais peculiares. Ele conta que, em um ano no qual estava de serviço, precisou auxiliar no resgate de um animal silvestre. Era um veado-campeiro, ferido em uma das patas. Ele estava perto do Lago Dourado, caído próximo à estrada, quando a Guarda Municipal foi chamada para resgatá-lo.
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“Normalmente, as coisas mais estranhas ou diferentes acontecem nesse tipo de data. São situações que a gente tem até dificuldade de resolver, pois são casos raros, mas precisamos solucionar do melhor jeito”, conta Luís Carlos Trinks. Nesse sábado, último dia do ano, o membro da Guarda Municipal apoiou a ONG Cavalo de Lata a fazer o resgate de um animal em Santa Cruz, também perto do Lago Dourado.
Mesmo com os desafios da profissão, ele ressalta que sempre há aquele momento durante a virada em que os profissionais em serviço conseguem abraçar o colega e desejar felicidades no novo ano.
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