Faltando um pouco menos de um mês, não resta dúvida de que o ano de 2016 tem sido movimentado, até histórico, em alguns episódios. Na política, o ponto alto foi o impeachment da ex-presidente Dilma, fato não imaginado ser possível há pouco mais de um ano. Na polícia, movimentação intensa, com operações da Polícia Federal e a prisão de grandes figurões, principalmente políticos, sendo que os últimos dois mais notáveis foram os ex-governadores do Rio de Janeiro, Antony Garotinho e Sérgio Cabral. Nos esportes, de um lado, o risco iminente do rebaixamento do Inter para a série B e, de outro, a conquista da Copa do Brasil pelo Grêmio, depois de 15 anos sem título importante, além de grandes conquistas do país na Olimpíada do Rio, com o inédito título do futebol. Na economia, parece que o Brasil está numa espécie de corrida de obstáculos: quando a situação tende a se acalmar, aparece um fato novo, geralmente político, criando novas turbulências, como o sai/não sai do presidente do Senado, Renan Calheiros, com onze inquéritos e, por enquanto, réu de um.
Muitas pessoas tem questionado o fato de se atribuir ao PT e partidos aliados uma grande parte dos problemas vividos pelos brasileiros. Na verdade, a situação difícil porque o Brasil está passando tem sua origem e causa nos inúmeros desmandos cometidos nos últimos anos, principalmente por parte de governos federais, mal administrados pelo PT. O povo parece que entendeu assim, também, não elegendo/reelegendo, nas últimas eleições municipais, candidatos apresentados pelo PT e partidos de esquerda, com raríssimas exceções. Como a economia deverá se recuperar, em algum tempo; a corrupção está sendo investigada e expurgada pela Operação Lava Jato; sobrou a educação. Essa, sim, vai levar anos para ser “despetizada”, se é que vai ser possível isso. Trata-se da pior herança maldita que o PT deixou e que deveria ter sido, essa sim, motivo de ocupação de escolas e não a PEC 241 ou a MP do Ensino médio, alegados agora. O último estudo Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), divulgado em 06/12/2016, que testa alunos de 15 anos em 70 países, revelou que o Brasil – Pátria educadora – não só continua nas últimas posições como piorou nas três áreas avaliadas, embora tenha aumentado os investimentos na educação: em Ciências, o Brasil ficou em 63º lugar; em Leitura (texto/linguagem), em 59º lugar; e em Matemática, caiu para a 65ª posição.
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Dentro da educação como um todo, insere-se a educação financeira. No final de outubro, o resultado de um levantamento realizado em 30 países, pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE, avaliando o comportamento, atitude e conhecimento sobre educação financeira, deixou o Brasil em 27º lugar no ranking. Os altos índices de endividamento e inadimplência do país, em parte consequência do desemprego e perda de negócios, mostram, também, a baixa capacidade da população em usar sua renda de forma planejada. Existem, sim, muitas iniciativas pelo Brasil – uma delas é a DSOP Educação Financeira – , mas que ainda estão longe de chegar e envolver os mais de duzentos milhões de brasileiros. Nos anos passados de aparente “vacas gordas”, por falta de conhecimento e orientação, as pessoas não se planejaram e, na ânsia de recuperar o tempo perdido, queriam adquirir tudo que não tinham até então. Havia crédito abundante, facilidades de compra, oportunidades de empregos e negócios. Teria sido esse o melhor momento para cuidar, também, da educação financeira. Mas, não foi.
Com a proximidade do fim de ano, tempo em que, mesmo com a entrada de receitas extras, como o 13º salário, facilmente as despesas extrapolam os orçamentos. Por isso, é preciso planejar – prever as compras e despesas de Natal e as despesas compulsórias de início de ano – e evitar as compras por impulso. Existem certos momentos – as festas de fim de ano são um deles – em que nossas emoções facilmente se sobrepõem à racionalidade. O consumidor precisa perceber esse perigo para o seu bolso, questionando-se quanto à necessidade do produto/serviço que quer adquirir para si ou dar de presente e se tem condições de pagar à vista ou assumir prestações.
Outra dica é procurar economizar e poupar sempre, o que é possível com o pagamento à vista – sempre é possível obter um desconto, não tendo vergonha de pedir – e, principalmente, o que todo mundo já sabe, pesquisar preços.
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Para quem está endividado, acontecem os “mutirões para liquidação de dívidas” que podem ser uma ótima oportunidade para reduzir o valor devido. Especial atenção deve ser dada às dividas com o cheque especial e o cartão de crédito. São linhas de financiamento que cobram juros absurdos, dobrando o valor da dívida em poucos meses. Claro, antes de fazer algum acordo para liquidar dívidas, ter bem clara a sua capacidade de pagamento, ajustando o orçamento pessoal ou familiar a essa realidade.
Como sempre acontece nos períodos de crise, muitas pessoas se dão bem, identificando oportunidades onde a maioria vê problemas. Para milhões de brasileiros, entretanto, o ano tem sido difícil. Além do aumento dos preços de produtos e serviços, muita gente está desempregada ou perdeu seu negócio. Todos esses problemas, somados à falta de educação financeira, levaram milhões de pessoas ao endividamento; só em São Paulo, são mais de dois milhões de pessoas endividadas. Mesmo assim, cada um tem que fazer sua parte para tentar contornar suas dificuldades e problemas financeiros. Dicas e orientações existem muitas por aí, ainda mais nessa época do ano, mas cada um precisa assumir o compromisso consigo mesmo de cuidar de sua vida e de seu dinheiro. Por fim, o mais importante: ter sonhos de curto, médio e longo prazos. E agir para realizá-los.
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