A filmografia de Vitor Mateus Teixeira inaugurou um estilo de cinema, serviu de referência Brasil afora e trouxe à produção cinematográfica gaúcha profissionais do exterior. O Festival de Filmes Teixeirinha percorre o interior do Rio Grande do Sul e está desde essa terça-feira, 31, em Santa Cruz do Sul, onde a programação acende a memória da comunidade. A cidade é berço da primeira mulher e da filha mais velha do artista.
A programação segue até esta sexta-feira, 3, no Sindicato dos Bancários. Os 12 filmes produzidos por Teixeirinha foram lançados de 1967 a 1981, ano em que o crítico de cinema Tuio Becker publicou o livro O cinema gaúcho. A obra cria a categoria “filmes de bombacha”, usada até hoje por cineastas para definir o gênero que tem como maiores expoentes Teixeirinha e José Mendes.
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A doutora em História Miriam de Souza Rossini defendeu, na década de 1990, a dissertação Teixeirinha e o cinema gaúcho no mestrado em Cinema na Universidade de São Paulo (USP). A pesquisadora afirma que os filmes de Vitor Mateus Teixeira misturam o meio rural ao urbano, mas os de tema interiorano têm mais sucesso. Segundo ela, A Quadrilha do Perna Dura (1975), exibido nessa quarta-feira, 1º, em Santa Cruz, é um exemplo da integração entre campo e cidade, pois conta a história de um morador de Porto Alegre que se muda para o interior.
Evaldo Zinn, de 70 anos, um dos 11 espectadores que encararam o frio da noite dessa quarta para ver A Quadrilha do Perna Dura, discorda de Miriam Rossini. “Os filmes do José Mendes são bem mais campeiros”, enfatizou. Zinn se orgulha ao contar que conheceu Teixeirinha e a esposa santa-cruzense. “Minha tia era comadre dele e ele esteve no batismo de um compadre meu”, conta. Estudioso da vida de Teixeirinha, sabe com exatidão a data em que o ícone da cultura gaúcha casou na Catedral São João Batista. “Ele casou em 21 de setembro de 1957. Eu também casei lá, mas em 1981.”
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Na Catedral, ocorreu o matrimônio de Vitor Mateus Teixeira com Zoraida Lima Teixeira. Ainda está fresco na memória de Evaldo Zinn o dia de 1967 em que a mãe de Zoraida morreu. A Rua Marechal Deodoro, próxima ao Hospital Santa Cruz, estava lotada por admiradores do artista. “Naquele dia, trancou o trânsito porque nós sabíamos que ele vinha. Parece que foi hoje que eu vi aquela Veraneio azul metálico, coisa mais linda, chegando no hospital, com o Teixeirinha, a filha e o motorista”, relembra.
O Hospital Santa Cruz também foi onde a primogênita, Nancy Margareth Teixeira, nasceu. Na época, Zoraida e Vitor moravam em Soledade e vieram a Santa Cruz para o parto. O casal considerou mais seguro ter a primeira filha em uma cidade onde havia familiares.
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Em relação ao filme, Zinn afirma que a sensação é a mesma dos anos 1970, quando assistiu pela primeira vez. Ele destaca a qualidade com que a obra é transmitida. O Festival de Filmes Teixeirinha começou em 26 de maio, em Rolante, cidade natal do artista. Santa Cruz do Sul foi o segundo destino.
Além de ter vivido, casado e tido a primeira filha em Santa Cruz, Teixeirinha morou em Soledade e Rio Pardo. Ele era funcionário do Daer e trabalhava na construção da BR-290. Antes de iniciar a vida artística, vivia pela localidade de Iruí, onde cultivou muitas amizades, em especial com o dono do bolicho, seu Agenor, considerado como um pai pelo cantor e ator. A residência em Rio Pardo foi retratada na música Velho Casarão. Dali, Teixeirinha começou a se lançar para a música. Primeiro, ele tocou em rádios de Rio Pardo, Santa Cruz, Lajeado e Estrela.
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O produtor de cinema Carlos Peralta, um dos responsáveis pelo Festival de Filmes Teixeirinha, não titubeia em classificar o artista como um gênio. “O Teixeirinha estava à frente do tempo e fez uma leitura correta da comunicação de sua época. Ele tinha o rádio, os filmes e a música. Era um homem semianalfabeto, que perdeu o pai com 6 anos, a mãe com 9 e viveu até os 15 na rua. E conseguiu sacar tudo isso, era um gênio. Cada filme que ele lançava saía com uma música de sucesso.”
No filme exibido nessa quarta-feira, ele canta o clássico Querência Amada. Em Na Trilha da Justiça (1976), parte filmado em Rio Pardo e Pantano Grande, o músico apresenta o tema Tordilho Negro.
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O festival é organizado pelo produtor Carlos Peralta, com o apoio do Sesc e da Teixeirinha Produções, empresa criada pelo artista no fim dos anos 1960 e tocada até hoje pela filha Nancy Margareth. A programação conta com o apoio do Sesc e das prefeituras. Em Santa Cruz, teve promoção da Associação Amigos do Cinema. Todas as exibições são gratuitas. A expectativa da organização é chegar a 200 municípios gaúchos ainda neste ano, com exibição simultânea em mais de uma cidade.
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