Lançado em 1818, há mais de dois séculos, o romance Frankenstein, da inglesa Mary Shelley (1797-1851), tornou-se um clássico da literatura mundial. A história talvez seja suficientemente conhecida de todos, em maior ou menor grau. Na obra, um médico, Victor Frankenstein, monta uma criatura juntando partes de vários corpos humanos. Revivida, esta se rebela e, rejeitada pelo criador, escapa de seu controle, determinada a se vingar de algum modo da horrível condição.
Foi livremente inspirado nessa trama que o também britânico Alasdair Gray (1934-2019) lançou em 1992 o romance Poor things (Pobres coisas, em português). Ainda que o enredo guarde originalidade, não há como não reparar no intertexto. A tradução do livro de Gray não está disponível no Brasil, mas é possível ter uma ideia da complexidade do enredo graças à adaptação para as telas.
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Pobres Criaturas, o filme, sob direção do grego Yorgos Lanthimos, é candidato ao Oscar (em 11 categorias). A atração está em cartaz tanto no Cine Santa Cruz quanto no Cine Max Brasil. O espectador depara-se com os experimentos do cientista Godwin Baxter (papel de Willem Dafoe). Quando uma mulher grávida se suicida, saltando em rio, ele realiza operação no cadáver. Transfere o cérebro da criança, enquanto ainda viva, para a mãe, que acaba reanimada e ganha o nome de Bella Baxter (Emma Stone, em grande interpretação, e que já havia trabalhado com Lanthimos em A Favorita, de 2018).
No entanto, na medida em que toma consciência e ganha autonomia, ansiosa por conhecer o mundo, Bella foge com um advogado (Mark Ruffalo). Juntos, viajam para diferentes lugares, com destaque para Lisboa, onde Bella se deslumbra e se descobre. Entre as descobertas, a da sexualidade é uma das mais intensas, mas não a única. Livre de amarras, assume o discurso libertário que a torna porta-voz de muitas demandas femininas (contemporâneas).
Se efetivamente confirmará a conquista de estatuetas no Oscar, isso se saberá na noite de domingo, 10 de março. Mas já se pode ficar na torcida para que, em breve, na esteira do sucesso do filme, o romance de Gray também seja lançado no Brasil.
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