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Filme conta a história de sete gatos que vivem nas ruas de Istambul

Quem leu A Cidadela Branca, de Orhan Pamuk – o escritor turco premiado com o Nobel -, deve-se lembrar do relato que ele fez sobre o papel que os gatos tiveram na erradicação da peste na Idade Média. Pamuk não é o único apaixonado por gatos – um gatófilo, como se diz – e muito menos na Turquia. Estreou nesta quinta-feira, 13, na cidade o longa de Ceyda Torun, Gatos. Pode parecer maluquice, mas a diretora conta a história de sete gatos que vivem nas ruas de Istambul.

Na maior cidade da Turquia – a capital é Ancara -, os gatos não são apenas bichos domésticos. Vivem soltos nas ruas, nas praças – como os pombos nas praças de São Paulo. Esse fazer parte da paisagem urbana pode estar ameaçado pelas transformações que ocorreram, e continuam ocorrendo, na cidade. Diminuição das áreas verdes, aumento da poluição. Tudo isso se reflete em perigo para diversas espécies, incluindo aquelas que, na cadeia alimentar, servem de alimento para esses gatos que vivem em estado (semi) selvagem.

Ceyda, na verdade, usa os gatos para falar de Istambul, de mudança – e seus reflexos nas pessoas. Um de seus entrevistados humanos diz que os gatos “são um retrato de nós mesmos”. Outro faz uma avaliação, digamos, teológica. “Os cachorros pensam que os humanos são Deus. Os gatos têm consciência de que não.” Para reforçar o aspecto religioso, um entrevistado conta que o próprio Maomé tinha um gato. E que o Profeta gostava de lembrar – olhem a parábola – que uma mulher foi para o inferno por não alimentar seu gato.

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Justamente a alimentação – Sari, uma das sete biografadas, vive de caçar alimentos para seus filhotes. Duman rouba peixes defumados e pedaços de queijo nas lojas do mercado. E Bengu, de enormes olhos verdes, é o mais preguiçoso de todos – uma espécie de Garfield do mundo real. É divertido seguir esses gatos porque a diretora vai além de retratos fofos para fazer observações bem fundadas sobre a topografia da cidade e a natureza dos humanos (e dos bichos). A rigor, seu filme, mesmo breve – cerca de 80 minutos – estica o que poderia ser um curta. Mas é bonito. E, se você for gatófilo, terá prazer dobrado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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