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Filme ‘As Sufragistas’ é o cartaz desta terça do Amigos do Cinema

Há uma cena de ‘As Sufragistas’ em que o marido, Ben Whishaw, pergunta a Maud (Carey Mulligan) o que ela faria, se pudesse votar. Ela responde que iria exercer seus direitos, como ele. Mais tarde, quando tenta ver o filho, e lhe diz que o filho é dela, o marido responde que não – a lei lhe dá a guarda e o garoto é dele, para fazer o que quiser, até mesmo dá-lo em adoção. E, mais tarde, acossada pelo policial Steed (Brendan Gleason), o qual diz que ela tem de respeitar a lei, Maud retruca que, para isso, é preciso que as leis sejam respeitáveis, isto é, que a reconheçam como indivíduo, com seus direitos e não apenas deveres.

O filme será exibido hoje, a partir das 20 horas, no auditório do Sindicato dos Bancários (Sindibancários – Rua Sete de Setembro, 489), em mais uma sessão da Associação dos Amigos do Cinema, depois de uma assembleia geral ordinária (19 horas) para prestação de contas. É quase impossível não simpatizar com a causa das suffragettes, com o sofrimento de Maud, Violet e Emily Wilding Davison, que, no começo do século passado, deu a vida pela causa dos direitos das mulheres. 

Há esse lado militante muito forte no filme de Sarah Gavron, que talvez evoque, no imaginário dos cinéfilos, uma espécie de versão feminina do Professor Sinigaglia interpretado por Marcello Mastroianni em Os Companheiros, de Mario Monicelli, de 1964. Escrito por Abi Moran, autor do roteiro de A Dama de Ferro, As Sufragistas toma o partido das mulheres e isso significa afrontar o poder dos homens, com seu aparato repressivo. 

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O filme é interessante, mas também tem seus problemas, pois, na verdade, são dois filmes em um. Há todo um lado, digamos, documentário. O filme reconstitui com precisão a lavanderia, a Londres dos pobres, os debates no Parlamento. Seria um docudrama nesse esforço de reconstituição, com muitas personagens reais, incluindo a suffragette-mór, que Meryl Streep interpreta (em poucos minutos, apenas) com um dos sotaques mais estranhos de sua carreira. E existe a ficção, a personagem de Carey, Maud.

O filme é bem interpretado, a história é interessante. Carey, Meryl, Sarah (a diretora), todas têm discursos contra a dominação masculina em Hollywood. O cinema também é personagem, mas fica essa sensação de falta de rigor. É bom ver As Sufragistas, mas não há como não pensar que poderia ser melhor.

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