Pacientes que aguardam por cirurgia de alta complexidade, na área de traumatologia, pedem socorrro. Desde 2014, são 372 pessoas que esperam para serem atendidas na região. O problema começa pelo número de procedimentos liberados pelo Ministério da Saúde mensalmente: apenas 11, sendo que sete são reservados para a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS) e quatro para a 8ª CRS. Com isso, somente para atender à demanda reprimida nos 25 municípios seriam necessários pelo menos dois anos e nove meses.
Além de ser um número considerado baixo para uma população estimada em 527,4 mil pessoas, deve-se considerar que todas as cirurgias de urgência ou emergência, como por exemplo provocadas em acidentes de trânsito, descontam dessa cota do Sistema Único de Saúde (SUS). Para a secretária municipal de Saúde de Santa Cruz do Sul, Renice Vaccari, o contrato firmado com o Ministério da Saúde necessita ser atualizado para amenizar a situação. Ela acredita que a demanda tenha acompanhado o aumento da expectativa de vida (em Santa Cruz, mais da metade dos pacientes tem acima de 50 anos) e do número de acidentes graves em estradas.
“As urgências e emergências fazem com que diminua a entrada de pacientes que estão na fila por outros motivos. Fora isso, hoje temos também o envelhecimento da população, o que torna mais comum problemas de quadril, artrose e no joelho. E não estamos mais dando conta dessa demanda porque ela não estava calculada quando houve a habilitação de referência em alta complexidade (em 2006).” De acordo com Renice, já foram realizadas tentativas de atualizar a portaria do Ministério da Saúde, porém o pedido não foi atendido em razão da indisponibilidade financeira dos governos estadual e federal.
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As cirurgias são realizadas no Hospital Santa Cruz, referência em procedimentos de alta complexidade. O diretor financeiro Egardo Orlando Kuentzer explica que a instituição não controla o andamento da fila. “Nós prestamos um serviço com base em um contrato e somos contratados para realizar um determinado número de cirurgias”, afirma. Ele acrescenta que os procedimentos são encaminhados pela Secretaria Municipal de Saúde. “Não escolhemos o paciente nem o município de origem. Simplesmente realizamos aquilo que vem encaminhado e temos que respeitar o que está estabelecido no contrato.”
Espera na região
EM NÚMEROS
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Espera marcada pela dor
Há mais de uma década, Londino Heinen, 78 anos, convive com a dor provocada pelo desgaste ósseo no quadril. Com o tempo, o sintoma se agravou e o idoso recorreu ao SUS para tentar reverter o quadro. Ele protocolou a solicitação pela cirurgia no fim de 2015 e, no mês passado, teria sido informado que haveria ainda outras 22 pessoas na frente dele. Para controlar as dores, se medica apenas com um relaxante muscular sugerido por médicos. Embora o problema ainda não tenha comprometido suas atividades, inclusive andar de bicicleta, elas são desempenhadas com desconforto intenso.
Já a moradora de Herveiras, Marlene Conrad, 53, afirma que nem dormir mais consegue tamanha é a dor que sente. Ela também sofre com um desgaste ósseo no quadril e precisa passar por um procedimento cirúrgico para aliviar os sintomas. Um mês após encaminhar todos os documentos necessários a fim de conseguir a cirurgia, ainda não tem retorno sobre uma possível previsão para realizar a operação.
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Mesmo que pareça pouco tempo diante da conhecida fila de espera do SUS, ela diz que o período tem sido insuportável. “É uma dor de morrer. Ela começa no quadril e desce a perna. Queima, queima, igual brasa. É sentada, deitada, quando caminho. Não tem posição que diminua a dor.” Marlene passou por cirurgia do lado direito há nove meses. Na época, já teria sido informada que o problema também atingia o lado esquerdo e, por isso, logo encaminhou os documentos. Agora, aguarda pela liberação de laudo médico.
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