Se há alguns anos a Federação Internacional de Futebol (Fifa) nadava em dinheiro e distribuía presentes luxuosos a seus dirigentes, os novos números financeiros da entidade revelam uma situação bastante diferente. Depois da prisão de vários dos seus membros e da fuga de patrocinadores, a entidade revelou nesta sexta-feira que acumulou perdas em 2016 de US$ 369 milhões (aproximadamente R$ 1,16 bilhão). Em 2015, as perdas já foram de US$ 112 milhões (R$ 352 milhões) e, para 2017, o buraco deverá ser ainda maior.
A entidade, que tem sua renda dependente basicamente da Copa do Mundo, espera reverter tudo isso com o Mundial de 2018, para quando prevê uma receita de US$ 5,5 bilhões (R$ 17,3 bilhões). Mas dos 34 patrocinadores que esperava fechar, hoje conta com apenas dez deles. Entre seus dirigentes, poucos escondem que a crise é uma das mais sérias de sua história.
De acordo com o balanço financeiro da entidade, mais de US$ 70 milhões (mais de R$ 220 milhões) foram gastos pela Fifa apenas para pagar advogados na tentativa de se defender de processos nos Estados Unidos e na Suíça. Outros US$ 50 milhões (R$ 157 milhões) foram gastos em custos com tribunais.
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Para fazer frente a essa crise, a Fifa está retirando dinheiro de suas reservas estratégicas, criadas apenas para tempos de dificuldades. Hoje, elas estão em US$ 1 bilhão (R$ 3,1 bilhões). Mas devem cair para US$ 600 milhões (R$ 1,89 bilhão) ao final do ano. Em todo o ano passado, a receita da Fifa foi de US$ 502 milhões (R$ 1,578 bilhão), com gastos de US$ 893 milhões (R$ 2,807 bilhões).
Mas os dados mostram que a entidade continua com um comportamento de gastos consideráveis com seus cartolas, sempre hospedados em hotéis cinco estrelas. Apenas para a reunião que elegeu para a presidência Gianni Infantino em fevereiro de 2016 foram gastos US$ 7,5 milhões (R$ 23,6 milhões). No total, ela distribuiu US$ 82 milhões (R$ 258 milhões) em salários, abaixo dos mais de US$ 100 milhões (mais de R$ 310 milhões) no ano da Copa do Brasil, em 2014. No ano, Infantino teve um salário de US$ 1,5 milhão (R$ 4,7 milhões), menos da metade do que Joseph Blatter chegou a receber.
Outro fato que pesou foi a decisão de Infantino de usar o dinheiro da Fifa para distribuir para as federações nacionais, uma promessa de sua campanha e que resultou em votos. A cada quatro anos, as 211 federações tem direito a US$ 5 milhões (R$ 16 milhões) cada.
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Ao divulgar o balanço, a “nova Fifa” criticou investimentos passados da entidade, como a construção do seu museu, cujo prejuízo foi de US$ 50 milhões (R$ 157 milhões) apenas no ano passado.
Para voltar a ter lucros, a entidade terá de obter uma receita de US$ 4 bilhões (R$ 12,6 bilhões) em 2018, o que permitiria que suas reservas sejam elevadas a US$ 1,6 bilhão (R$ 5 bilhões).
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