Após duas fortes quedas consecutivas em 2015 (-3,5%) e 2016 (-3,6%), a economia brasileira começa a apresentar os primeiros resultados positivos. Segundo a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), a expectativa é de crescimento de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 e de intensificação no processo de recuperação em 2018. Para o próximo ano, a entidade estima alta de 2,7%. As projeções foram divulgadas nesta terça-feira, 5, durante coletiva de imprensa.
Para que essa melhora prossiga, o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, aponta a necessidade de a indústria receber apoio para continuar a produzir e gerar empregos e riquezas. “Precisamos de fontes de financiamento que estão um pouco deprimidas, e o governo ainda insiste em querer de volta o dinheiro do BNDES (R$ 130 bilhões da dívida com o Tesouro Nacional). Para o setor industrial, são muito importantes as linhas de crédito do BNDES”, disse Petry. “Em segundo lugar, há de se ter certeza de que a economia vai andar. Não pode empacar e parar. Reformas têm que ser feitas, e não é porque queremos, mas sim pela necessidade de pagar as contas no futuro e melhorar a confiança das pessoas”.
Elaborado pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Fiergs, o Balanço e Perspectivas mostra que, apesar destes primeiros sinais de mudança, a melhora na atividade ainda não está disseminada entre todos os setores, e preocupa especialmente a indústria, que sofre com baixo desempenho na de Construção e o lento processo de recuperação na de Transformação.
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A agricultura foi o único setor de destaque este ano, por conta da safra de grãos recorde. “Começamos a recuperar aos poucos, mas o caminho será longo”, afirmou o economista-chefe da Fiergs, André Francisco Nunes de Nunes, ao destacar que uma recuperação cíclica está em curso. Após 11 trimestres consecutivos de perdas, com uma queda acumulada de 8,2%, o PIB brasileiro voltou a crescer nos últimos dois trimestres. “O PIB de 2014 só deverá ser retomado em 2020, e o da indústria, em 2021, ainda deve ser inferior ao pico de 2013”.
Segundo o economista, o crescimento do PIB começa a ser impulsionado pelo mercado interno, com o consumo das famílias registrando variação positiva de 2,2% no terceiro trimestre de 2017, acima do PIB (+1,4%). Além disso, a inflação surpreendeu positivamente, e a previsão é a de que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) feche em 3,1% em 2017 e em 4,1% em 2018, o que viabiliza a manutenção dos juros em patamares baixos.
A Fiergs trabalha com três cenários possíveis para a economia no próximo ano. No cenário base, a projeção é continuidade no processo de recuperação cíclica da economia brasileira, com aceleração da taxa de crescimento do PIB de 2,7% em relação a 2017, especialmente por conta da baixa base de comparação. Segundo a Fiergs, no caso do Rio Grande do Sul, a expectativa é de que a safra de grãos não repita o desempenho de 2017 e, dessa forma, o crescimento deverá ser menor do que o nacional (2%).
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No cenário superior o maior crescimento do consumo doméstico será determinante na recuperação mais intensa da economia (com elevação de 3,2% no PIB do Brasil e do RS). A perspectiva é de aceleração adicional na indústria brasileira e gaúcha, seguindo as melhores condições da economia nacional e internacional. Nesse caso, é natural que a indústria tenha um resultado melhor diante da elevação da demanda. No caso da economia regional, a previsão de queda na produção agrícola poderá não se confirmar na magnitude esperada. Como consequência disso, o crescimento surpreende positivamente, por conta do desempenho do setor primário.
Mesmo em um cenário inferior, a Fiergs acredita que a economia apresentará crescimento, já que existe um processo de recuperação cíclica sustentada pela queda na taxa de inflação e de juros. Porém, nessa expectativa mais pessimista, haveria um crescimento abaixo do potencial, fruto da maior incerteza, com aumento de 1,8% no PIB brasileiro. No caso do Estado, a queda na safra de grãos pode ser acima da esperada, acarretando no baixo crescimento da atividade (0,8%).
Por fim, o ciclo eleitoral tende a exercer maior volatilidade na taxa de câmbio, na taxa de juros futuros, e nos mercados de renda variável em comparação com 2017. Mesmo assim, a atividade deve se manter em trajetória de recuperação cíclica. Já o resultado das eleições pode afetar o lado real da economia apenas em 2019.
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