A partir desta Quarta-feira de Cinzas até o domingo de Páscoa, celebrado neste ano no dia 12 de abril, cristãos do mundo todo são convidados a fazer um confronto especial entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Durante a Quaresma, considerado um dos períodos mais importantes dentro do cristianismo, as pessoas ainda são chamadas a intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé e espiritualidade. Para muitos, o tempo também serve para preservar e perpetuar tradições, como oração, jejum e caridade.

O padre Roque Hammes explica que o período é colocado como um retiro de preparação para o grande mistério da fé, que é a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, celebrado na Semana Santa. “É um tempo de purificação, onde conversão é a palavra forte”, esclarece. Um dos pontos cruciais da Quaresma é a oração, onde os fiéis são convidados a rezar mais. Nesse refúgio espiritual, são fortalecidos os encontros dos grupos de famílias, cuja programação será distribuída hoje. Até a Páscoa, também acontecem as vias sacras nas igrejas matrizes, sempre nas sextas-feiras.

Conforme Hammes, outro fator fundamental é o jejum, uma vez que Jesus Cristo jejuou por 40 dias no deserto antes de começar sua missão. O terceiro ponto, ligado ao jejum, é a caridade. “Não é só jejuar por jejuar. Tudo aquilo que eu deixo de comer, eu entrego para os mais pobres”, ressalta. No Brasil, essa premissa está vinculada à Campanha da Fraternidade, que em 2020 tem como tema Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso, e como lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. “No Domingo de Ramos realizamos a coleta da solidariedade para ajudar as pessoas mais necessidades, através das obras sociais da Igreja”, reforça.

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Fé fortalecida
A aposentada Sonaime Terezinha Braga Vargas, de 70 anos, é católica fervorosa e participa ativamente da vida na igreja. Moradora do Centro de Santa Cruz do Sul, participa há 35 anos do Movimento da Renovação Carismática Católica e faz parte do Grupo de Oração Água Viva, que se reúne todas as quintas-feiras, às 19h30, no Centro Comunitário da Catedral São João Batista. “Nesse tempo que sou igreja viva e atuante, faço todos os anos 40 dias de jejum na Quaresma”, conta. Após esse período, reforça que sai sempre mais fortalecida em sua fé. “Mantenho a disciplina na minha espiritualidade. Faz parte da minha devoção a Jesus Cristo.”

Tradição também entre os luteranos
O pastor Márcio Arthur Trentini, da Comunidade Evangélica Centro de Santa Cruz do Sul, ressalta que a Quaresma é tempo de reflexão e de arrependimento, quando também os luteranos se preparam para a celebração da Páscoa. “Lembramos toda a dor e sofrimento que Jesus teve para nos dar a salvação”, ressalta.

Dentre as tradições passadas entre gerações, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) tem resgatado a prática do jejum. “Não é somente deixar de comer para mostrar sua fé, mas que também possamos fazer a diferença para alguém.”

Desde o ano passado, durante essas sete semanas, a igreja trabalha o projeto Sete Semanas Sem: as pessoas são convidadas a deixarem algumas coisas de lado nesse período e a doar o dinheiro que economizam com isso para que a igreja possa destinar a projetos diaconais e sociais. No ano passado, foram beneficiados o Asilo Pella Bethânia, instituição mantida pela IECLB há mais de cem anos em Taquari, e o Projeto Alegria e Esperança, da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (Oase) Centro.

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