A cadeia do leite enfrenta um cenário de instabilidade em relação ao valor pago aos produtores. A preocupação com o setor levou a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS) a articular medidas junto aos órgãos competentes, pela valorização do leite e seus derivados.
Conforme o vice-presidente da Fetag Regional Serra, Eugênio Zanetti, uma das propostas discutidas é a adoção de cotas ou tarifas de importação. Com medidas desse tipo, o objetivo é estabelecer um controle mais rigoroso sobre a quantidade de leite importado, para equilibrar o mercado e garantir condições de competição mais justas aos produtores nacionais.
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Para reduzir os impactos negativos causados pelo desequilíbrio na cadeia, a entidade quer fixar limites para o ingresso do alimento importado. “Se necessário, iremos denunciar a entrada indiscriminada de leite por meio de mobilizações”, afirma. Zanetti ressalta que não descarta uma grande mobilização. “Queremos chamar a atenção para a situação e pressionar as autoridades competentes a tomarem medidas para proteger a cadeia nacional.”
O vice-presidente explica que, comparado ao primeiro quadrimestre do ano passado, as importações cresceram 286,4% em valor, chegando a US$ 263,2 milhões, e 230,6% em volume, atingindo 69,9 mil toneladas, conforme dados da plataforma ComexStat. “O Rio Grande do Sul é o terceiro estado que mais importou, aplicando US$ 34,1 milhões, com variação de 230,7% sobre o período de janeiro a abril de 2022.”
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A entidade está preocupada em proteger os produtores brasileiros da concorrência estrangeira, especialmente do Uruguai e da Argentina. “A valorização do leite nacional contribui para fortalecer toda a cadeia produtiva do setor, e resulta em maior geração de empregos, receita tributária e principalmente qualidade de vida no meio rural”, afirma Zanetti.
Para ele, a atividade desempenha um papel crucial na segurança alimentar. “É essencial que o mercado seja adequadamente organizado e regulado para evitar que os produtores trabalhem com prejuízos, e para que os consumidores não sejam afetados por preços exorbitantes.”
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O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz, Sérgio Reis, analisa a situação como preocupante. “Eles [os produtores] tiveram altos custos com o preparo de silagem, tendo em vista que os fertilizantes estavam muito caros. Agora, não estão tendo retorno.” Ele frisa que a rentabilidade foi boa nos últimos anos, o que não se verifica mais. “Percebemos o aumento das importações, e, muitas vezes, esse produto não tem a mesma qualidade, o que acaba gerando uma concorrência desleal. Esperamos que haja um controle com essas importações, que vêm de países que subsidiam o leite”, ressalta.
A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados do Rio Grande do Sul tem promovido ações para assegurar a competitividade do setor. O coordenador geral das câmaras setoriais e temáticas da secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação, Clair Kuhn, e o coordenador da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados, Eugênio Zanetti, assinaram ofícios com o objetivo de destacar os esforços em andamento.
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Os integrantes da Câmara Setorial destacam o aumento expressivo nas importações de produtos lácteos, impulsionado pelos baixos preços da matéria-prima em países vizinhos. Segundo dados apresentados, os ingressos de leite em pó integral, entre janeiro e abril deste ano, aumentaram de 9 mil quilos em 2022 para 47 mil. A Argentina, em particular, tem concedido subsídios que ultrapassam 50% diretamente aos produtores daquele país. Além disso, o Uruguai implementou um programa de financiamento com linhas de crédito destinadas à atividade.
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