Fetag celebra 60 anos com olhar para o futuro da agricultura familiar

A comemoração dos 60 anos da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS) reuniu cerca de 1,5 mil pessoas no Parque da Expoagro Afubra, em Rincão Del Rey, Rio Pardo, nessa sexta-feira, 6. Além de destacar o protagonismo da entidade na representação dos agricultores, o evento teve homenagens e reflexões acerca da permanência dos jovens no meio rural.

O presidente da entidade, o cachoeirense Carlos Joel da Silva, apontou as conquistas e desafios em busca de melhores condições de vida para as famílias que se dedicam à atividade. “Não havia plano de saúde, nem aposentadoria ou financiamento agrícola. Tudo isso foi adquirido através das lutas dos sindicatos, junto da Fetag, produtores e parceiros.” Ainda conforme o presidente, novas demandas vão surgir, por isso a federação deve se manter forte e atuante para a categoria continuar crescendo, principalmente para evitar o êxodo rural das novas gerações.

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O vice-governador Gabriel Souza foi um dos participantes. Representando o governador Eduardo Leite, ele falou sobre as dificuldades relacionadas às questões climáticas, como enchentes e estiagens, que inevitavelmente afetam os agricultores familiares. “Só neste ano, o Rio Grande do Sul enfrentou nove ciclones e a terceira estiagem consecutiva. Muito tem se falado sobre resiliência climática, que é termos consciência dessas mudanças, entender que elas existem e aplicar novas práticas a partir dessa transformação.”

Gabriel Souza também ressaltou a parceria entre o governo do Estado, Fetag, Emater e Senar/RS, que estão trabalhando em conjunto para atender os produtores rurais que sofreram perdas em razão das chuvas e enchentes.

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Atualmente, o quadro social da Fetag é composto por 315 sindicatos de trabalhadores rurais filiados, com abrangência em 450 municípios. Além disso, possui 23 regionais e em torno de 200 mil associados.

Para a coordenadora estadual de mulheres da Fetag, Maribel Moreira, as seis décadas da entidade representam um marco em torno da representação e mobilização voltada ao setor produtivo. Ao falar para o público, ela salientou que os agricultores familiares desempenham um papel que vai além da questão econômica. “São homens e mulheres que cultivam as sementes na terra e produzem alimentos com segurança e soberania alimentar”, ressaltou.

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Permanência dos jovens no meio rural ainda é um desafio

Em meio às comemorações, que incluíram almoço e um baile ao longo de toda a tarde, os participantes aproveitaram para falar sobre temas que têm sido motivo de atenção. Um deles é a sucessão rural.
Do Vale do Taquari, Greici Berwanger, de 38 anos, foi uma das participantes do evento. Secretária no Sindicato de Trabalhadores Rurais de Bom Retiro do Sul e Fazenda Vila Nova, ela observou que nem sempre os agricultores familiares recebem a atenção que merecem na sociedade, mas a Fetag atua justamente para assegurar esse apoio.

Na análise de Greici, o maior desafio no cenário agrícola é a sucessão rural, já que poucos jovens optam por seguir desempenhando a atividade junto de suas famílias. Contrariando essa tendência está Milena Cristina Hermes, de Vera Cruz. Aos 20 anos, ela atua na produção de leite ao lado da mãe e da irmã mais nova. Na propriedade, são atualmente 30 vacas em lactação.

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Conforme Milena, a produção ainda é pequena, mas a família quer ampliar a atividade. “Começamos a pensar em investimentos para o futuro, apesar do preço do leite às vezes não ser tão bom”, comentou.
A produtora contou que o gosto pela atividade aumentou quando ela ingressou na Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul, aos 18 anos. A partir de então, foi se interessando cada vez mais em ficar na propriedade que teve origem há 43 anos, a partir do seu avô, falecido em 2010
Milena apontou que as maiores dificuldades dos jovens no meio rural são a conquista da autonomia dentro da propriedade e a falta de garantia de preço dos produtos.

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Ela afirmou que pretende dar continuidade ao negócio da família, principalmente por meio do suporte oferecido pela federação. “Eu vi todo o trabalho que minha mãe teve para manter a propriedade e não tenho vontade de sair”, ressaltou. 

Saiba mais

Homenagem – Dentro dos festejos dos 60 anos, a Fetag foi agraciada com a medalha do Mérito Farroupilha, mais alta honraria concedida pela Assembleia Legislativa, uma proposição do deputado estadual Elton Weber. A entidade ainda obteve do deputado federal Heitor Schuch emenda de R$3 milhões para construção do centro de formação e comercialização da agricultura familiar no Parque Assis Brasil, em Esteio.

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Apoio

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz e coordenador da regional sindical Vale do Rio Pardo e Baixo Jacuí, Sérgio Reis, falou acerca da relevância das iniciativas desenvolvidas. Para o dirigente, a Fetag é a “grande força” do agricultor nos momentos difíceis e foi fundamental para a melhoria das condições dos associados.

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