A inauguração da Catedral São João Batista, em 24 de dezembro de 1939, deveria ter sido a maior festa já realizada em Santa Cruz do Sul. Mas a realidade foi outra: as pessoas estavam tensas, silenciosas, com medo de manifestarem alguma palavra em alemão e acabarem presas. A construção da nova Igreja Matriz, que hoje é a Catedral de Santa Cruz, o maior templo no estilo neogótico da América do Sul, começou em fevereiro de 1928. Ela foi erguida atrás da antiga matriz, na Rua Ramiro Barcelos.

O trabalho mobilizou a cidade e o interior, com a organização de festas e eventos para a arrecadação de fundos, sem contar as doações em dinheiro e em materiais de construção. No entanto, a crise financeira dos anos 30 e as desavenças entre o arquiteto Simão Gramlich e a Cúria Metropolitana levaram à paralisação dos serviços em março de 1932.

As obras foram retomadas dois anos depois e novas campanhas ocorreram. Apesar das dificuldades impostas pelas duas guerras mundiais, em 1939 o templo estava em condições de uso e a inauguração foi marcada para 24 de dezembro, um domingo, véspera de Natal. Há exatos 79 anos.

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Mas o grande dia não teve o brilho esperado. Devido ao Estado Novo, o uso da língua alemã estava proibido no País, o que atingiu a população santa-cruzense em cheio. Com isso, os fiéis realizaram uma procissão silenciosa, da frente da antiga matriz até a porta da nova.

A missa foi em latim, sem cânticos em alemão como era comum. O sermão foi proferido em português e poucas pessoas entenderam o que estava sendo falado. Afinal, só 20% da população compreendia o português.

Mesmo com a inauguração, ainda faltava muita coisa no templo. Esses investimentos foram sendo feitos de forma gradativa, ao longo dos anos. Somente em 1977 ocorreram os arremates finais.

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Foto: Divulgação
Em 1939, os trabalhos foram acelerados para permitir a inauguração em dezembro

 

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