O diretor de projetos do Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA), Fernando Schwanke, avaliou positivamente a participação do setor agropecuário durante a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 27), realizada na primeira quinzena de novembro, no Egito. O posicionamento foi defendido durante entrevista ao programa Conexão Campo Cidade, veiculado pelo portal Notícias Agrícolas.
Schwanke ressalta a inédita obtenção de um consenso sobre as ideias que seriam apresentadas no evento pelo setor, pelo menos entre os países das Américas. Um dos exemplos citados é a questão da dificuldade de obtenção de recursos a partir de mecanismos como o Fundo Verde do Clima. “O IICA inscreveu projeto na área do cacau e está inscrevendo outro de pecuária sustentável, mas existe dificuldade burocrática para a obtenção. Inicia-se um trabalho e vai ter resultado três ou quatro anos depois”, enfatiza.
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Além da relevância de posicionar o agronegócio como parceiro do meio ambiente, foi possível atrair a atenção com a participação de Rattan Lal, professor universitário de Ciência do Solo e diretor do Centro de Gerenciamento e Sequestro de Baixo Carbono da Universidade Estadual de Ohio (EUA). Indiano, ele também é detentor de prêmio mundial da agricultura e alimentação (2020) e prêmio Nobel da Paz (2007). Rattan Lal elogiou a agricultura brasileira. “Quando um professor de uma universidade, um especialista em solo diz que somos referência mundial pelo plantio direto, pela evolução na agricultura regenerativa, pelo programa nacional de bioinsumos, tendo mais produtos com base biológica do que produtos de base química sendo registrados no ministério, isso é muito positivo”, enaltece.
Schwanke lamenta a dificuldade de comunicação do Brasil. Recorda que, em 2020, esteve com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na Semana Verde de Berlim. Lá, foi apresentado o documento Diretrizes de Sustentabilidade da Agropecuária Brasileira. “Mostramos para 82 ministros da Agricultura que o setor compromete-se com os pilares de sustentabilidade, dizendo que não existe agricultura sem que ela seja sustentável, dizendo que somos contra o desmatamento. Mas éramos nós falando.”
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Ele acredita que os serviços ambientais serão oportunidade para o Brasil nos próximos anos, mas é preciso ter melhor posicionamento. “Isso não aconteceu nos últimos anos por causa da falha de comunicação.”
Brasil é referência
Com a apresentação de propostas e mostra de que é possível fazer agronegócio sustentável, o setor teve protagonismo na COP. Assim, evidenciou capacidade de ação e saiu fortalecido, em especial no que tange ao Brasil. “Temos o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Olho para outros países das Américas e nenhum tem programa como esse ou linha de crédito que incentive essas práticas sustentáveis. Somos referência em crédito, em tecnologia de baixo carbono e em plantio direto, com quase 35 milhões de hectares, melhorando a qualidade do solo e captando esse carbono”, reforça Fernando Schwanke.
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O diretor de projetos do IICA adiantou que será lançada uma plataforma de pecuária sustentável a partir de países referência no setor, como Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, Bolívia e Brasil. “Representamos quase 40% da exportação de proteína animal do mundo e não podemos aceitar que venham decisões de cima para baixo, sem diálogo”, justifica.
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