Semanas atrás destaquei, aqui na coluna, os esforços de professores, pais e alunos para manter a rotina de estudos da moçada com as aulas presenciais suspensas. Contei como, lá em casa, transformamos o mesão da cozinha em sala de aula para que nossos quatro filhos dessem conta da gama de atividades que vinham chegando via grupos de WhatsApp criados pelas profes – e revelei que eu mesmo vinha reaprendendo um bocado de coisas esquecidas ao longo dos anos, especialmente em Matemática, meu tendão-de-Aquiles.
Contudo, no último dia 4 entrou em vigor a antecipação das férias de inverno e tratamos de comunicar nossa turminha acerca da novidade:
– Vocês estão de férias!
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– É mesmo? – questionou Ágatha. – E por acaso vamos dar algum passeio de férias?
– Claro que não. Seguem valendo, contra os passeios, as regras de isolamento.
– Então, não vamos a nenhum parque? – insistiu a caçula.
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– Não.
– Nem à pracinha?
– Nada de pracinhas.
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– Balneário?
– Nem pensar.
– Mas, então, o que muda com o início das férias? – quis saber a marota, já com o rosto fechado.
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– Na prática, durante as férias vocês estão dispensados de fazer os trabalhos da escola.
– Então piorou – concluiu ela. – É uma ocupação a menos para fazer em casa…
Mas, por fim, a traquinas se conformou. Já entendeu que o isolamento é necessário ante os perigos da Covid-19 e sabe que, mais cedo ou mais tarde, tudo isso vai passar.
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…
Mas enquanto não passa, as gurias seguem às voltas com planos mirabolantes para colocar em prática quando a vida voltar ao normal. A Isadora insiste na ideia de que, ao fim da pandemia, deveríamos arrumar uma grande bicicleta articulada, com assentos e pedais para toda a família, para longos passeios pela cidade. Impaciente, resolveu experimentar a ideia amarrando as bicicletas dela e das irmãs com cordas. Ela, Yasmin e Ágatha deram as primeiras voltas com a engenhoca ontem, no quintal, mas logo constataram que lhes falta sincronia e que será necessário muita prática para evitar acidentes. Deram início então a um complicado treinamento, interrompido quando desabou sobre elas a tão esperada chuva. Abençoada chuvinha…
…
Desde essa segunda-feira está valendo, mediante decretos estadual e municipal, a obrigatoriedade das máscaras também em via pública. Já escrevi, na semana passada, que apoio a medida. É uma alternativa para conciliar a contenção da Covid e o esforço para amenizar o estrago econômico causado pela pandemia – ou seja, trata-se de iniciativa fundamental para manter lojas e empresas em operação, preservando empregos e renda em meio aos rigores impostos pela doença.
Entretanto, preocupa-me a falsa sensação de segurança que as máscaras podem gerar. A máscara não é o cabelo de Sansão, não é o martelo de Thor e nem a espada do He-Man – em suma, não concede superpoderes, não nos deixa completamente imunes ao contágio. Ela exige uma série de cautelas, como a remoção pelas alças e a necessidade de higienização do tecido após duas horas de uso. E não dispensa os demais cuidados, como o uso de álcool em gel e o distanciamento entre as pessoas. Portanto, não adianta colocar a máscara e sair aloprando por aí.