A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) informou que técnicos farão uma vistoria na área durante a semana para verificar a situação da vertente de água às margens do quilômetro 99 da RSC-287, que segundo o agricultor Geraldo Eidt, está sendo “estrangulada” por conta das obras de duplicação da rodovia. O industriário aposentado de 66 anos destaca que o local foi regularizado como Área de Preservação Ambiental (APP) em 2005. Já a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) informa que tem uma licença de instalação emitida pela Fepam em 2016.
Na última sexta-feira, Eidt chegou a registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) com a justificativa de ameaça de crime ambiental. No registro, ele afirma que a vertente foi prejudicada por acúmulo de detritos provenientes da obra, o que provocou a morte de peixes no açude abastecido pela água do nascedouro, comprovação de que tornou-se imprópria para o consumo. Também diz que foi hostilizado por funcionários da empresa prestadora de serviços. O assunto esteve em pauta ontem na sessão da Câmara de Vereadores, levado para discussão pelo vereador Mathias Bertram. Presente à reunião, Geraldo Eidt foi aplaudido quando teve o nome citado.
Para encerrar o conflito, Eidt sugere uma solução. Conforme o agricultor, a pressão está fazendo com que a água chegue até a pista. O que deveria ser feito, segundo ele, é cavar uma valeta até o ponto da vertente, canalizar o curso da água com material especial e depois fazer uma proteção com pedras para que o concreto possa ser aplicado em cima. “Assim fica bom para o meio ambiente e também para prosseguir a obra. Posso conversar com o técnico que virá avaliar. Podemos pensar em fazer essa canalização”, diz.
Publicidade
O agricultor explica que mora no local há 40 anos e que preserva a vertente como promessa à filha de imigrantes germânicos Ezídia Schwertz, que viveu até os 90 anos nas proximidades. “A vertente nunca secou. Ela me deixou com a incumbência de preservá-la. E agora tenho a missão de encontrar outra pessoa para continuar esse legado”, relata. Eidt conta como teve contato com Ezídia. “Comprei alguns bois e arrendei o campo dela. Ela era viúva e ficou doente. Não tinha ninguém. Passei a cuidar dela. Foi como uma segunda mãe. Tenho certeza que está olhando por nós.”
Obra prossegue em outro trecho
Ontem, os trabalhos de acabamento da base para a pavimentação foram concentrados entre os quilômetros 97 e 98, principalmente para facilitar a manobra de caminhões e evitar interrupções no trânsito. Um bueiro foi instalado na última quarta-feira, o que provocou transtornos ao exigir escavações profundas.
Publicidade
O engenheiro da EGR, Luiz Fernando Vanacor, acredita que a vertente não foi afetada, já que a obra recebeu liberação da Fepam. “Ele colocou algumas barreiras para que os trabalhos fossem interrompidos. Para algum caso de agressão, registramos um boletim de ocorrência e comunicamos ao Comando Rodoviário, para evitar algum tipo de acidente. Até para segurança do agricultor, que ficou parado no acostamento”, disse.
Vanacor explica que todas as ações estão presentes na licença de instalação, inclusive em relação ao corte de árvores. Para o engenheiro, as alegações de Geraldo são exageradas. “Verificamos o local e acredito que não há essa interferência como ele diz. Não vejo no que podemos estar prejudicando. Nós vamos avaliar para tomar alguma providência nesta semana.”
Publicidade