Inaugurada em dezembro do ano passado, a Feira Rural Orgânica do Bairro Santo Inácio tornou real o desejo do prefeito Telmo Kirst (PSD) de ter “feira todo dia”. De segunda a sábado, é possível comprar alimentos colhidos em Santa Cruz do Sul, negócio que se mantém ativo e aquecido durante a pandemia, elevando a qualidade da alimentação do consumidor ao mesmo tempo em que gera renda e oportunidade às famílias rurais. São mais de 80 delas envolvidas no processo, só no município.
Para o produtor Ingo Luís Neumann, de Linha Antão, interior de Santa Cruz do Sul, a feira rural é o caminho para o faturamento da família há 18 anos. Junto com o tabaco, eles plantavam amendoim e viram que o grão poderia tornar-se rapadura e aumentar as fontes de renda da casa. “A partir da rapadura começamos a processar vários outros produtos, como conservas, embutidos e biscoitos. Trabalhamos eu, a esposa, a filha e o genro, eles também são feirantes, no Centro”, disse Neumann, que atende nos bairros Senai e Arroio Grande.
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Neumann explica que é o responsável pela feira do Arroio Grande e vê no espaço uma oportunidade para quem trabalha no campo. Espaço de bons rendimentos, especialmente quando se trata de pandemia. Com o fechamento temporário de bufês e restaurantes, os consumidores redescobriram as feiras rurais, fomentando esses lugares. “O volume de compras aumentou em 20% durante os últimos meses. Crianças em casa, sem aula, também consomem mais alimentos e isso impulsiona as nossas vendas”, confirmou.
O produtor conta que começou a atividade motivado pela extensão rural. Após o auxílio dos técnicos da Emater/RS-Ascar, o caminho para a produção de alimentos no formato de agroindústria foi, segundo ele, natural. “Foi depois que a Emater nos visitou que tivemos a iniciativa de participar da feira.”
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De acordo com o engenheiro agrônomo Marcelo Cassol, responsável pela extensão rural das famílias envolvidas, na região são 170 famílias que produzem para a comercialização direta, no balcão das feiras. “Cada município tem regras específicas para as feiras rurais. Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, existe todo um investimento na criação dos espaços públicos para elas”, salientou Cassol.
Segundo ele, a atuação dos técnicos extensionistas da Emater faz a ponte entre a aplicação de métodos científicos e a prática da diversificação. “Os produtores sofreram muito com a estiagem, mas todos trabalharam com a irrigação. Essa é uma das exigências para participar da feira. A propriedade precisa estar com toda a infraestrurua necessária”, apontou o engenheiro. Cassol é o responsável pela extensão rural com foco na venda em feiras na região.
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PROTEÇÃO PARA PRODUTORES
Na última sexta-feira, 24, produtores rurais de Santa Cruz do Sul, Vale Verde e Osório receberam a doação de kits de proteção individual oferecidos pela Philip Morris Brasil, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
No ato de entrega em Santa Cruz estiveram presentes o secretário nacional de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF) do Mapa, Fernando Schwanke; o diretor técnico da Emater , Alencar Rugeri; a gerente regional da Emater, Lúcia Souza; e a gerente de Sustentabilidade e Diversificação na Agricultura da Philip Morris Brasil, Amanda Cosenza. Schwanke destacou a importância de firmar parcerias na prevenção ao novo coronavírus.
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“Seguindo orientações da ministra Tereza Cristina, o Mapa trabalha diuturnamente, durante a pandemia, para manter ininterrupto o fluxo de alimentos para os brasileiros e garantir a segurança dos agricultores”, disse. Ao todo foram entregues 20 mil máscaras, 1,2 mil frascos de álcool em gel e 2,4 mil cartazes com orientações de prevenção. No Vale do Rio Pardo, esses itens serão distribuídos em 40 pontos de feiras para 291 famílias, abrangendo 425 pessoas.
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Espaços que contribuem para o desenvolvimento sustentável
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Atualmente, existem sete feiras rurais em locais públicos em Santa Cruz do Sul. Conforme a Secretaria Municipal de Agricultura, a Feira Orgânica do Bairro Santo Inácio foi a última a entrar em atividade. Com funcionamento às terças-feiras, nos turnos da manhã e tarde, quinta-feira, no turno da tarde, e nos sábados pela manhã, ela funciona com 11 famílias, oferecendo produtos orgânicos à comunidade.
Além da oferta de produtos orgânicos, ela também foi implementada nas quintas-feiras, completando o calendário semanal de feiras rurais, de segunda a sábado no município. “As feiras rurais representam a vocação também para produção de alimentos no município, além da tradição no cotidiano da comunidade”, observa o secretário municipal de Agricultura, Tiago Hoelzel Staub.
Para Staub, as feiras rurais promovem o desenvolvimento local sustentável, por meio de oferta direta da produção dos agricultores, do estímulo à produção e diversificação das culturas, e do aumento da renda dessas famílias. “Também é importante para a permanência no campo, melhorando a qualidade de vida no meio rural. E coopera com a economia local, pois possibilita que a renda das famílias circule no comércio da região, atendendo a interesses coletivos”, complementa Staub.
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Qualidade e tecnologia para o consumidor
O produtor de orgânicos Perci Frantz, de Linha São Martinho, no interior de Santa Cruz do Sul, estreou há pouco tempo na Feira Orgânica do Santo Inácio. Desde abril no local, ele vende frutas e opera com um sistema digital de pagamento.
“Foi uma questão de escolha. Eu quis uma vida diferente e sei que o consumidor quer alimentos de qualidade. Por isso está dando certo”, resumiu o produtor.
Integrado a um sistema-teste da Sicredi, ele tem uma forma de pagamento que dispensa máquina e cartão de crédito. “É só ter o aplicativo da cooperativa e apontar o celular para o código. Funciona como uma transferência, na hora o dinheiro está na conta”, explicou Frantz.
Quanto ao consumo durante a pandemia, o produtor acredita que a busca por alimentos saudáveis empurrou mais consumidores para as feiras rurais. “Eu sou novo aqui, mas tenho percebido que as pessoas querem produtos de qualidade, até para manterem-se saudáveis.”
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