A Praça da Cultura foi palco nesse domingo, 19, da Feira 4Black, festividade que reúne atrações culturais para conectar e ampliar a comunidade negra de Santa Cruz do Sul e região. Com a trégua da chuva e o tempo ensolarado, dezenas de pessoas visitaram o espaço para dançar, cantar e conhecer diversos trabalhos artesanais. Em sua terceira edição, o evento saiu da Praça Costa e Silva, no Bairro Ana Nery, para o centro do município, ampliando o acesso à celebração. Parte da Rua Galvão Costa foi fechada para dar espaço à feira, com a presença de 43 artesãos.
A mudança de endereço atraiu quem visitava o centro. É o caso de Diego da Rosa Casarin, de 36 anos, morador do Bairro Santo Antônio, acompanhado da esposa Deisi e do filho Bernardo. O engenheiro mecânico e sua família passeavam quando viram o movimento em torno da praça e perceberam que se tratava da feira.
Para Diego, o ato é importante pela inclusão. “A cultura negra parece ter ficado de lado por muito tempo. Acho que ela deve andar junto com todas as formas de cultura da cidade”, afirmou.
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Shows de música afro e baile embalaram os visitantes
Enquanto os visitantes conferiam os estandes, o palco do evento recebeu artistas negros da região. O primeiro foi MC do Vale, com uma homenagem aos 50 anos do Hip hop, gênero musical criado por afro-americanos na década de 1970. Mais do que estilo musical, o cantor considera um movimento fundamental para a comunidade negra. “Hoje, o Hip hop é um patrimônio cultural mundial, com direito a um museu em Porto Alegre, que será o maior da América Latina. O Hip hop é sobre liberdade, paz, educação, cultura e arte”, destacou o cantor. Também não faltou muito samba, pagode e MPB, com a cantora Jô Bittencourt e o grupo Pegada Solta.
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A principal novidade da 3ª Feira 4Black foi o Baile Charme. A festa reúne clássicos da música negra com os passinhos, famosa dança brasileira-americana. Trata-se de uma demanda antiga dos visitantes das demais edições do evento e que foi resgatada pela organização. “Tinha-se muito Baile Charme em Santa Cruz do Sul nos anos 1990, um marco no nosso país, e que agora podemos resgatar”, destaca ele.
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As bandas eram bastante aguardadas pela doméstica Rosimar Terezinha da Silva e pelo marido Lindomar. “Estamos só pelo pagode”, disse a moradora do Bairro Faxinal Menino Deus, entusiasmada. Para além da diversão, Rosimar vê no evento, o qual já prestigiou antes, uma causa justa e nobre em que toda a comunidade santa-cruzense pode se engajar, independente da cor.
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A pluralidade e a diversidade são fundamentais na feira, argumentou um dos idealizadores do 4Black, Erick Silveira. E a cultura, na sua visão, é uma grande oportunidade para se aproximar da comunidade. “Queremos que os simpatizantes andem juntos. Queremos agregar esse povo, agregar novos aliados, conectar esse povo que acredita na luta anti-racista.”
A feira também deu espaço para artesãos solidários à iniciativa e ao movimento. Lianete Beatriz Friedrich participou pela primeira vez, trazendo decorações de Natal, necessaire e outros produtos feitos em patchwork (feitos com retalhos de tecido). “É um evento importante e muito bom para a gente expor nosso trabalho para mais pessoas”, destaca.
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E foi a segunda vez em que a artesã Isabel Cristina Ferreira participou da Feira 4Black. Em seu espaço exibia ecobags, bonecas e arte em garrafas. Todos os seus trabalhos são voltados à cultura afro, com pinturas, decorações e adereços. “Sempre achei uma temática interessante e muito pouco aproveitada. E, por ser estudante dessa cultura, decidi trazê-la para o meu trabalho”, explicou.
Os produtos mais procurados foram as bolsas, chamadas de afrobag, e as bonecas. Para ela, a vinda para o centro foi positiva por atrair ainda mais pessoas para a feira. “É uma excelente oportunidade para mostrar que a comunidade negra é criativa e empreendedora”, defendeu.
Evento fez alusão ao Dia da Consciência Negra, comemorado nesta segunda-feira
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A 3ª Feira 4Black também é uma celebração ao Dia da Consciência Negra. A data foi escolhida para homenagear Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, morto no dia 20 de novembro de 1695. A opção por fazer o evento próximo à data é importante para a co-fundadora da 4Black, Luana Caroline da Silva. “É um momento para repensar e rever conceitos em relação à questão da negritude, para que a comunidade possa se fortalecer ainda mais.”
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