Não há como falar em chaves sem lembrar da Casa das Chaves, tão pouco falar em Corpo de Bombeiros Voluntários de Sobradinho sem lembrar de Adão Carlos Weber. Estes nomes estão ligados à história de Sobradinho nas últimas décadas, especialmente no que diz respeito ao serviço prestado à comunidade. E é a ela que ele deixa o recado: “Quero agradecer de todo coração a toda comunidade e principalmente aos Bombeiros Voluntários, que continuam por essa luta desenfreada, em meio a pandemia e tantos desafios, mas estão colocando o peito na água e fazendo valer, ajudando a salvar aquelas pessoas que a gente consegue”. O agradecimento de Adão Weber é, sobretudo, por ver aquilo que iniciou há duas décadas permanecer ativo, servindo à população.
Em entrevista ao programa Giro Regional da Gazeta FM 98.1 (assista abaixo), o sobradinhense recordou sobre sua infância, juventude – da qual boa parte dela vivendo em Cachoeira do Sul, mas especialmente sobre as funções que desempenhou já na vida adulta em Sobradinho e região. Além disso comentou sobre o encerramento de um ciclo, após mais de quatro décadas.
Entre as histórias relembradas ao vivo e após, fora do ar, Weber recordou-se do início do trabalho como chaveiro. “Com a carência de empregos à época, um tio vindo de Porto Alegre trouxe para mim uma lata cheia de chaves e uma lima. Foi aí que comecei a fazer chaves, comecei a aprender mais e mais, desmontando e montando fechaduras. Foi assim que consegui um bom trabalho neste ramo”, recordou o autodidata no assunto.
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Neste 11 de junho de 2021, em que Adão completa 64 anos de vida, a história mencionada anteriormente completa 44 anos, tendo sido batizada de Casa das Chaves e instalada na Avenida João Antônio, no centro da cidade. Atendendo 24 horas, centenas de pessoas fizeram pedidos nas mais diferentes circunstâncias e conseguiram, através do seu trabalho, abrir portas de casas, carros, empresas, cofres, entre outros.
Como engraxate, chaveiro, técnico em eletrônica, açougueiro, entre outras funções desempenhadas, Adão estabeleceu muitos contatos, que também lhe abriram portas, e ele foi também, durante quatro mandatos, vereador de Sobradinho. Mas dentre tantas atividades, talvez a que tenha o levado para ainda mais próximo das pessoas, deu-se naquela que realizou como voluntário na instituição a qual deu o pontapé inicial para fundação: o Corpo de Bombeiros Voluntários de Sobradinho.
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Sobre esta trajetória, Weber recorda-se das dificuldades para implantação. “Foi muito difícil porque era uma matéria desacreditada. Já haviam tentado por duas ou três vezes montar os caminhões-pipa para combater incêndio, mas todos eles não chegaram até o fim. E a gente persistiu e conseguimos um caminhão da Alemanha, o que nos proporcionou um trabalho de credibilidade em cima dos Bombeiros, tanto é que se continua aí, lutando”, destacou.
Weber comentou também sobre a homenagem que recebeu em 2020, quando o escolheram Patrono do Corpo de Bombeiros do município. “Não esperava. Me fizeram chorar lá na Câmara de Vereadores. Foi a primeira vez que vi darem um título de Patrono em vida para uma pessoa e eu recebi isso deles. Isso é muito bom, a gente chega se engasgar para falar. Mas a verdade é que tudo vale a pena, se precisar fazer, se faz de novo”, recordou ele sobre a emoção daquele momento.
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Além do amor à causa, ser um bombeiro voluntário, como lembrou Weber, também é doar-se e arriscar a própria vida. Questionado sobre as histórias que lhe marcaram, respondeu que “todas aquelas que envolvem vidas são carentes de compreensão maior em cima disso, para que não venham a ocorrer novamente. Então se trabalha sempre mais com prevenção do que com atendimento”.
O ‘Labareda’, apelido dado a Weber, bem provável não pudera ser outro, desde à época em que participava dos acampamentos como escoteiro, passaram a chamá-lo assim. Da juventude vivida intensamente, para a vida adulta bastante ativa e atuante na comunidade, passando pelas invenções para facilitar o cotidiano e os ensinamentos que tem transmitido para muitas pessoas, ‘o arteiro que virou bombeiro’ como definiu o jornalista Valacir Cremonese em reportagem de anos passados, continua a ensinar, especialmente os mais próximos.
Lutar por aquilo que realmente vale a pena e não se atirar a esmo em qualquer aventura, qualquer coisa, mas ter um objetivo coeso, um objetivo firme, deve ser algo absorvido por essa juventude para salvar a humanidade, porque do jeito que está, não sei como irá ficar.
Adão WeberPublicidade
Na vida pública e particular, Adão, casado com Aglaé, pai e avô, tem deixado muitos exemplos a serem seguidos. Conforme a filha Eliana Weber (Nana) são muitos os comentários e as demonstrações de carinho que chegam para a família em razão da trajetória do pai e pelo fechamento da Casa das Chaves. “Nós temos muito orgulho da história dele e, realmente, é bem emocionante. Assim como minha irmã Paula mencionou no programa na rádio, ele viveu e realizou esse sonho em vida. E que a gente também possa fazer algo pela nossa comunidade, pela história do nosso povo, do jeito que ele fez, se cada um fizesse um pouquinho… Como o pai falou, nada é eterno, este é o encerramento de um ciclo, literalmente com chave de ouro”, salientou.
Adão Weber aproveitou a oportunidade para reforçar o abraço apertado que envia a todos os bombeiros voluntários que acreditaram e continuam firmes ajudando àqueles que precisam, afinal, como diz o lema: Salvar e Servir sem Desistir. “Sempre disposto a fazer mais e mais. Hoje já não se tem tantas condições, mas dentro dos limites alguma coisa sempre dá para ser feita”, acrescentou.
Assista à entrevista com Adão Weber:
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