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Fechadas por causa da pandemia, casas de festas acumulam prejuízos

Um dos primeiros setores a cancelar suas atividades por causa da pandemia do novo coronavírus, o de casas de shows e festas pode ser um dos últimos a retomar o funcionamento. Sem realizar eventos há cinco meses, os empresários tentam driblar os prejuízos com alternativas como lives, venda de produtos e serviços de alimentação. Mesmo voltados para públicos diferentes, os locais enfrentam dificuldades e prejuízos similares, sem uma previsão concreta de retorno.

As casas de festa LaBarca Show Club e Las Vegas estão fechadas desde 19 de março. Proprietária dos espaços com o marido Ilvo Drescher, Josiane Cristiane Schmitz faz as contas do prejuízo. Antes da pandemia, os espaços empregavam 18 pessoas por evento, incluindo atendentes, seguranças e músicos. Alguns dos funcionários conseguiram emprego na indústria fumageira durante a safra, enquanto outros – músicos, por exemplo – estão totalmente parados.

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Clube está parado, pois não possui alvará para outra atividade


Além de suspender os contratos com os artistas, os empresários perderam todo o estoque de bebidas, pois não conseguiram vender tudo a preço de custo antes do vencimento. “No clube LaBarca não tem outra atividade a não ser bailes, porque o alvará de atividade daquele espaço está liberado somente para festas, mas o espaço Las Vegas já tinha, além de bailes, o alvará de restaurante porque existiam os jantares-bailes antes da pandemia”, conta Josiane.

O casal chegou a cogitar a realização de lives no espaço, mas não obteve autorização. Atualmente, a única atividade possível é o restaurante. “Tudo está devagar no momento, como para todos, porque ninguém sai de casa, então o momento é muito complicado. Já está fechando quase meio ano que não podemos trabalhar, e não temos perspectiva de quando vamos poder voltar.” A proprietária acredita que as festas só terão público quando a vacina for liberada.


Já na Legend Music & Bar, no Centro, a última festa foi realizada em 14 de março. Conforme o sócio-administrador Cristiano Sehn, o prejuízo inclui, além do investimento imobilizado sem faturamento, os custos fixos de aluguel, manutenção, impostos, água e luz, além dos próprios sócios da empresa que estão sem renda. “Tínhamos em torno de 20 colaboradores, levando em consideração funcionários com carteira, empresas terceirizadas e freelancers, sem contar os produtores de eventos, bandas e DJs. Os contratos, em um primeiro momento, foram suspensos. Porém, devido à incerteza sobre o retorno das atividades, decidimos demitir os registrados e rescindir os contratos com as empresas terceirizadas”, explica.

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No fim de maio, a casa noturna propôs, em parceria com a Pé de Coelho Filmes, Estúdio Boca de Sons e Stop!, um projeto de lives chamado “Salve a Cena”, para arrecadar fundos para os músicos locais. No entanto, devido às restrições do poder público a iniciativa acabou sendo cancelada. “Este projeto não minimizaria a crise para nós, seria apenas uma maneira de ajudar o meio artístico que ficou sem renda também.”

Sem atividade, empresa teve que fazer demissões e rescisões


Em setembro, será lançada uma coleção de camisetas com imagens das artes feitas por Rafael Barletta nas paredes da Legend. Conforme Cristiano, a venda dos produtos deve gerar receita e, se der certo, pode virar uma linha de souvenirs da marca. Preparados para manter a casa fechada até o fim do ano se for necessário, os empresários aguardam que a situação melhore e pretendem reabrir apenas quando a legislação permitir e houver condições de segurança.

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Retorno

A maior parte dos proprietários de locais e organizadores de festa ouvidos pela Gazeta pretende reabrir seus estabelecimentos apenas quando a vacina estiver disponível ou a legislação permitir, com condições segurança e controle dos casos de Covid-19.

Lives se tornam alternativa na pandemia

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Além das casas noturnas, outro setor de eventos prejudicado pelas medidas de distanciamento social foram as festas de música eletrônica ou raves. Segundo o organizador da 4Btz, William Knorst, a única edição do ano ocorreu em janeiro. Já a festa programada para março foi cancelada no início da quarentena. “Optamos por não realizar o evento, pensando na saúde do público. Desde lá já se foram três edições da 4btz que teríamos neste ano.”

Além de trabalhadores de empresas terceirizadas, o cancelamento dos eventos prejudica equipes de decoração, som e estrutura, segurança, designers, fotógrafos, DJs e produtores musicais. “Desde que a quarentena começou, realizamos algumas lives gratuitas com DJs internacionais e nacionais, gerando entretenimento para o nosso público de forma consciente”, relata.

Como os eventos são realizados em ambientes ao ar livre, Knorst acredita que o setor tenha alguns benefícios, mas acredita que o retorno só será possível acatando as mudanças necessárias para garantir a saúde de todos. “Quando a legislação permitir, iremos voltar com todas as exigências solicitadas, para conseguir realizar o evento com segurança. Os produtores e o público deverão estar comprometidos para que isso aconteça”, garante.

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Conforme o organizador da festa PVT da Galera, Estevan Schwendler, o evento anual foi cancelado e, mesmo com atuação de amigos e terceirizados, há prejuízo envolvido. “Estamos pensando em fazer uma live agora em setembro, mais como perpetuação da marca do que para receita.” Para ele, o retorno das atividades deve acontecer somente quando os protocolos autorizarem e as condições sejam seguras para o público e o pessoal envolvido. Schwendler acredita ainda que a reabertura das festas ao ar livre não contribuiria para o aumento dos casos.

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Para entender

Perdas
O prejuízo das empresas que dependem de eventos é imenso em todas as regiões. “Esse setor engloba não só os locais onde as conferências e seminários são feitos. Mas as empresas de alimentação, de audiovisual, hotéis que hospedam os participantes de fora”, diz o presidente da Associação de Marketing Promocional (Ampro), Alexis Pagliarini. Toda essa cadeia amargou, segundo ele, perdas de R$ 50 bilhões por mês na quarentena, somados os números de todo o país.

Risco
Para o infectologista Pedro Mendes Lages, do Hospital Samaritano e da Beneficência Portuguesa de São Paulo, a arquitetura dos centros de eventos é o principal fator de risco. “São lugares fechados, acarpetados, sem janelas e com ar-condicionado. Com o número de novos casos que temos agora, ainda é muito arriscado realizar eventos assim”, diz ele. O problema, segundo ele, não é a contaminação cruzada (quando uma pessoa se infecta por tocar em algo contaminado). “Num evento longo, as pessoas vão tocar nas máscaras, ajustá-las. Se houver alguém contaminado no ambiente, o vírus vai se espalhar por gotículas, com ajuda do ar-condicionado.”

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