O trabalho de entidades beneficentes se destaca pela natureza humana de suas atividades e pela indiferença da maioria das pessoas. Pouca gente se envolve na tentativa de minimizar as dificuldades de uma legião de necessitados. É mais fácil debitar os problemas na conta do poder público, das autoridades, “daqueles que elegemos” para encontrar soluções. Terceirizar a culpa é um dos esportes nacionais, que fez surgir uma geração que “não está nem aí”.
O mesmo acontece em relação a tudo que é público. Das instalações do posto de saúde aos brinquedos da praça, é comum ouvir-se reclamações sobre as péssimas condições de manutenção. Situação que é resultado do uso indevido ou da depredação pura e simples, esta, sim, uma praga que se alastra com a velocidade do som.
Não existe orçamento que suporte tantas despesas com prejuízos causados por vandalismos e pichações. A recuperação é quase sempre demorada ou necessita de parceria com a iniciativa privada ou da comunidade para viabilizar as obras. Em Porto Alegre, há muitos anos, inúmeras praças e parques são adotados por empresas que mantêm os espaços cuidados, limpos e vigiados.
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Apesar do esforço, é impossível garantir boas condições de uso a todo o conjunto de equipamentos públicos. Mesmo com grande procura por parte da população, a obsessão em quebrar, sujar e pichar parece insaciável. Não se trata de exigir grandes sacrifícios. Há pequenos gestos, acessíveis, que fazem a diferença. Afinal, muitos proprietários sequer recolhem as fezes dos cães com a desculpa de que “veio da natureza, vai para a natureza”. Por óbvio, não pensam o mesmo quando isso acontece no pátio da sua residência.
Vivemos a era da indiferença. Lemos notícias escabrosas de tragédias motivadas por drogas, miséria e violência em todos os ambientes, mas raramente há mobilização concreta para minimizar os efeitos. A repetição de más notícias anestesiou o grande público, que assimila com incrível naturalidade o impacto dessas dolorosas informações. Ao invés de agir, é mais cômodo esperar a próxima desgraça para confrontar as consequências e montar uma espécie de ranking das fatalidades.
A mudança de postura só acontece quando a desventura atinge familiares ou amigos próximos. Prova disso é que há um sem número de instituições que foram criadas a partir de infelicidades que repercutiram fortemente pela ligação afetiva.
Muitas pessoas alegam que há tantos necessitados que não adianta tentar agir aqui ou ali contra as mazelas da vida. Discordo. As boas iniciativas servem, acima de tudo, como inspiração para que outros sejam sensibilizados para fomentar a caridade, a solidariedade, a ajuda a quem precisa. É fundamental sair da zona de conforto para fazer a diferença.
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