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Famílias vivem expectativa para ganhar novo lar

Há oito anos, Darli de Fátima Rodrigues adquiriu uma pequena casa no Bairro Santa Vitória, em Santa Cruz, após passar um período vivendo em Rio Pardo, sua cidade natal. Foi uma negociação informal, já que a residência está em um terreno irregular e, conforme descobriu apenas quando se mudou, é localizada em uma área de risco. Desde então, ela aguarda uma oportunidade de viver em condições melhores.

A expectativa, frustrada quando não conseguiu ser contemplada com uma moradia no Residencial Viver Bem, inaugurado em 2015 – embora à época já estivesse no cadastro de programas habitacionais da Prefeitura –, deu lugar nos últimos dias a uma intensa ansiedade. Sua família está prestes a se transferir para uma das 163 habitações populares do Loteamento Santa Maria, no Bairro Carlota, construídas com recursos federais e que começarão a ser ocupadas a partir do próximo mês.

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Aos 59 anos, Darli vive com o marido, José, de 64, e um de seus cinco filhos, Lucas, além de uma neta. Comprada por R$ 2 mil em quatro parcelas, a casa está nos fundos de um beco e, por ficar na beira de um barranco, está suscetível de ser atingida por deslizamentos, pela queda de uma árvore ou até de um veículo. Frequentemente, pedras saltam sobre o telhado. “O que eu já perdi de telha de brasilit aqui, tu não imaginas”, comenta ela. Cercados de mato e entulho, eles também convivem com insetos e roedores. “Todo dia tem que tirar bicho morto da frente.”

Embora desejassem uma situação melhor, as dificuldades para conseguir mudar de vida sempre foram grandes. Darli está desempregada há três anos, após trabalhar por quase duas décadas como safreira nas indústrias de tabaco. José é aposentado, mas boa parte da renda é consumida por parcelas de empréstimos e pelos medicamentos que precisa consumir para controlar a diabetes. Por isso, construir uma casa com recursos próprios é quase impossível. Em novembro, Darli ainda passou 23 dias na UTI após contrair Covid-19.

Ao todo, 23 famílias que moram por ali vão migrar para o Santa Maria. Essa, inclusive, será a primeira das 21 áreas de risco apontadas no mapeamento da Prefeitura a ser desocupada. Depois de retirar as atuais moradias, o Município estuda transformar o local em uma praça pública.

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Mais de mil estão no cadastro habitacional

Ao todo, cerca de mil famílias estão no cadastro da Prefeitura, à espera de uma moradia popular. É possível, no entanto, que nem todas atendam aos critérios dos programas, que são voltados a pessoas que vivem em áreas de risco, invadidas ou degradadas.

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Além das 163 casas do Santa Maria, está em fase final a obra da segunda fase do Loteamento Mãe de Deus, no Bairro Santuário. Segundo o secretário municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Esporte, Valdir Bruxel, o sorteio dos endereços será realizado logo após a entrega das residências do Santa Maria. Serão outras 284 moradias – na primeira fase, entregue em outubro do ano passado, foram 116. Os dois loteamentos foram erguidos com R$ 36,4 milhões obtidos a fundo perdido (sem contrapartida) pela Prefeitura junto ao governo federal.

Além de assegurar condições habitacionais melhores a essas populações, os programas preveem a recuperação das áreas desocupadas, para que passem a ter uma finalidade social. Na Rua das Carrocinhas, por exemplo, que fica no Loteamento Beckenkamp e de onde sairão mais de 60 famílias, estuda-se implantar uma espécie de bacia de retenção para conter os alagamentos frequentes. Das 21 regiões que serão desocupadas – todas na zona sul –, dez vão ser recuperadas pela própria Prefeitura e em 11 as obras serão feitas por empresas privadas, a partir de uma licitação.

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“É uma bênção de Deus. Estou contando os dias”

Rua Professor Léo Winterle, 653. Darli já tem na ponta da língua o futuro endereço, que foi sorteado no último dia 10. Para ela, que sempre viveu de aluguel e agora terá pela primeira vez um imóvel no seu nome, trata-se de um alívio. “É uma bênção de Deus. Estou contando os dias”, comemora.

Uma das exigências para ser atendido pelo programa é justamente não possuir nenhum imóvel, além de ter renda familiar de até R$ 3,6 mil, entre outras. Os beneficiários recebem a casa de forma gratuita e não têm que pagar aluguel, apenas água e a luz. “As pessoas terão uma qualidade de vida multiplicada por muitas vezes. A partir do momento em que tomarem posse da casa, deixam para os filhos o direito à continuidade do uso”, explica o secretário municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Esporte, Valdir Bruxel.

Na semana passada, a família de Darli teve a oportunidade de conhecer a nova casa, durante a vistoria. O padrão das 163 residências é único: fabricadas em alvenaria, com piso frio, têm 45 metros quadrados distribuídos em dois dormitórios, banheiro, cozinha e sala, além de estarem servidas por ruas asfaltadas e com iluminação pública. A obra já foi 100% concluída e o último passo antes da entrega das chaves é a assinatura dos contratos na Caixa Econômica Federal, o que ainda não tem data certa para acontecer.

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