Passava das 20 horas dessa quinta-feira, 26, quando Estor Machado, de 70 anos, e a esposa Geneci, de 67, começaram a ouvir uma música em frente à sua residência, na Rua Santa Rosa, Bairro Schulz. A vanera foi entoada ao ritmo de um violão, gaita, pandeiro, reco-reco e um triângulo. “Graças a Deus que eu já vi/A luz da vela, luz da vela a luzir/Honrado seja o dono da casa/Ai que a porta, que a porta nos veio abrir”, cantava o grupo.
A família Machado foi a primeira a ser visitada pelo Terno de Reis do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Lanceiros de Santa Cruz. Eles abriram a porta da garagem para recepcionar os cantores e receber a bênção. Desde que ficou sabendo que as apresentações iniciaram-se nesta semana, ao ler a Gazeta do Sul, Geneci esperava ansiosamente a festividade. “Não sabia se seríamos agraciados”, afirmou.
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Iniciada em 1963, ano de fundação da entidade, a tradição de visitar as casas leva a mensagem de união, prosperidade e paz às famílias para o ano que se aproxima. Pilchados, os 13 músicos voluntários passaram por dez residências na primeira noite e foram muito aplaudidos. Em cada uma, cantarolaram cantigas narrando a jornada dos três reis magos ao encontro do menino Jesus após seu nascimento.
Eles seguiram pela rua até a casa da empresária Dulce Marinês Helfer Rech, de 58 anos. Ela assistiu a apresentação da sacada, ao lado do marido Larri Rech, de 58, e da irmã Isolde Maria Helfer. Tradicionalmente, a família costuma viajar nesta época. Por isso, foi a primeira vez em 15 anos que estavam no lar para receber os músicos. “Me surpreendi com a visita. Quem tem fé e acredita espera ansiosamente por isso”, comentou.
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Para os moradores agraciados pela tradição, trata-se de um momento especial. Entre eles, há a crença de que ao receber o Terno de Reis, a família terá um ano abençoado. A retribuição é feita com presentes, desde comes e bebes, ou uma doação em dinheiro para dar continuidade à tradição.
As visitas seguem neste final de semana. Elas serão interrompidas somente no dia 31. A cada noite, o grupo pretende percorrer todo o município, de dez a 15 casas por vez, além de ir em casas geriátricas. As apresentações irão se encerrar em 6 de janeiro, Dia de Reis.
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Grupo busca novos integrantes para preservar as tradições
Em Santa Cruz, o Terno de Reis é mantido pelo CTG Lanceiros, a única entidade a seguir a tradição todos os anos. Os trabalhos são coordenados pela integrante do departamento artístico do CTG Lanceiros, Leila Figueiredo. Ela e o marido, Roni Ferreira Nunes, participam há mais de 15 anos. Para Leila, as visitas são sempre marcantes pela hospitalidade dos moradores e dos residentes das casas geriátricas.
“Tem casas onde nos pedem para percorrer todos os cômodos, pois acreditam que a chegada do Terno de Reis vai trazer vivacidade e alegria”, afirmou em entrevista à jornalista Aline Silva, no programa Rede Social da Rádio Gazeta FM 107,9.
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Leila enfatizou a necessidade de agregar os jovens nas atividades, para que a tradição sobreviva. Disse ainda que é comum as crianças assistirem ao grupo durante as apresentações, acompanhando a visita pelas ruas. “Temos a tendência de ensiná-los para que possam continuar, para não se perder no tempo. Esse é o trabalho que a nossa entidade faz”, ressaltou.
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