Regional

Família unida na boleia do boiadeiro transforma viagens em rotina

Uma das dificuldades para as famílias dos caminhoneiros é a distância. Como os astros dos volantes passam muitos dias nas estradas, ficam longos períodos sem ver as esposas, maridos e filhos. A tecnologia diminuiu essa sensação de estar longe – podem se olhar pela tela do celular –, mas ainda não é a mesma coisa que poder dar um abraço. Esse problema não existe na casa de Leopoldo Frantz e Mara Cristina Müller, em Linha Pinheiral. O casal pega a estrada junto. Ambos dirigem os caminhões para o transporte de gado para frigorífico e transformaram essa vida de viagem em rotina. Passam mais tempo na boleia do possante do que em sua morada. E isso nem é problema. “Sabe que, com esse frio, é até mais interessante ficar na boleia do caminhão do que em casa? É muito quentinho”, ressalta Mara.

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Além de aconchegante, as inovações nos veículos fizeram com que as viagens passassem a ser confortáveis, sem perder a característica principal: cada uma delas é algo diferente, mesmo que seja o mesmo trajeto. Serão novas imagens, novas situações a serem vividas, perrengues enfrentados, mas muitos motivos para sorrir e comemorar a volta para o lar. Nem sempre foi assim. Antes de namorarem e passarem a morar juntos, Mara tinha uma vida mais urbana. Era diretora de marketing de uma grande empresa. “Vivia no salto”, brinca. Leopoldo, por outro lado, teve na lida campeira sua história: mesmo quando se dedicou ao comércio, era vinculado à produção. Foi a estrada, porém, que reforçou a união deles.

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A vida na estrada

Foto: Mara Cristina Müller

Mara fez o salto diminuir, mas não deixou a vaidade de lado. Todos os dias, antes do primeiro chimarrão, faz questão de pegar o kit beleza e realizar sua maquiagem. Ainda enfrenta um pouco do preconceito por ser a mulher que anda com o homem no trecho. “Quando falamos que sou a esposa dele, ficam com vergonha”, brinca.

O kit que os acompanha não é somente de estética. Para reduzir o alto custo da alimentação, eles levam mantimentos. “E tem que ser assim, porque a gente fica muito tempo fora. Não tem domingo, por exemplo, porque o gado tem que estar segunda no frigorífico para as pessoas trabalharem”, explica.
Além disso, por mais que o Brasil utilize o transporte rodoviário em grande escala para levar sua produção, ainda são poucos os pontos de parada com estrutura para esses profissionais. O que salva é a iniciativa privada, por meio de postos de combustíveis.

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Para o casal Mara e Leopoldo, existe outro diferencial. Eles transportam carga viva. Isso amplia a demanda de documentação, inviabiliza eventuais atrasos e o aproveitamento de viagens (muitos viajam com uma carga e retornam ao local de origem com outra – para eles isso não é viável). Não são, claro, somente problemas. Quem está na estrada conhece novos lugares, muitas pessoas que têm tradições e modelos diferentes da região. “Temos acesso a fazendas com casas antigas, mangueira de pedra, muitos animais silvestres, além de grandes espaços. Em alguns casos, andamos 13 quilômetros dentro da mesma propriedade”, enfatiza Leopoldo.

Treze quilômetros dentro da mesma fazenda fica um trecho pequeno se comparado ao que percorrem semanalmente. São cerca de 3 mil quilômetros. Distância que empolga pelas imagens e assusta pelo custo. Calculam que os veículos consomem em torno de 1,2 mil litros de óleo por semana. Ainda tem, no trecho, buracos, assaltos, pedágios e muitos problemas. “Tem que gostar de estar na estrada. E nós gostamos muito”, garantem.

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Expediente

Edição
: Dejair Machado (dejair@gazetadosul.com.br)
Textos: Dejair Machado, Marcio Souza, Marisa Lorenzoni e Romar Beling
Diagramação: Rodrigo Sperb

Confira o caderno na íntegra » Dia do Colono e Motorista: data para celebrar tradição, história e trabalho

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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Carina Weber

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