À frente do grupo mais poderoso da política no Vale do Rio Pardo, a família Moraes pode deixar em breve o PTB. A informação foi confirmada na manhã desta quinta-feira, 17, à Gazeta do Sul pelo ex-deputado federal Sérgio Moraes, que alegou que as turbulências internas na sigla ameaçam tornar a permanência insustentável.
O PTB vive uma crise sem precedentes em âmbito nacional. Após as brigas de Graciela Nienov, que havia assumido a presidência em dezembro, com o ex-deputado e presidente de honra Roberto Jefferson, o partido realizou uma nova eleição no último dia 11. Na ocasião, o deputado estadual Marcus Vinicius (RJ) foi escolhido para conduzir a legenda.
A situação, porém, segue tensa, visto que gravações indicam que a escolha de Marcus Vinicius foi articulada por Jefferson, que está em prisão domiciliar desde o fim de janeiro. Com isso, há risco de o pleito ser anulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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Segundo Sérgio afirmou à Gazeta, a maior parte dos deputados federais já anunciou que irá sair, o que deve gerar um esvaziamento da legenda. “É capaz de não ficar ninguém, o partido desaparecer na Câmara. É uma confusão jurídica muito grande, estamos em um brete”, alegou. A preocupação é que o impasse se prolongue a ponto de inviabilizar a participação da sigla nas eleições de outubro.
O martelo só deve ser batido entre 3 de março e 1 de abril, período da “janela partidária”, em que deputados podem trocar de sigla. Tanto o deputado federal Marcelo Moraes quanto a deputada estadual Kelly Moraes dependem da janela para não perder os mandatos em uma eventual migração. Na semana passada, Marcelo havia sido eleito líder do PTB na Câmara.
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De acordo com Sérgio, a permanência no PTB só ocorrerá se uma terceira ala obtiver sucesso em uma ação ajuizada para assumir o comando do partido. Ele, no entanto, considera essa possibilidade muito remota. “Essa ala é um pessoal nosso, são pessoas bem chegadas, então poderíamos ficar. Mas já houve um pedido e foi negado, então acho muito difícil acontecer”, disse.
Questionado qual seria o destino do grupo caso a desfiliação se confirme, Sérgio alegou que há convites “de tudo quanto é lado” e que a decisão vai levar em conta fatores como tempo de televisão e alinhamento com o setor de tabaco. Outro aspecto que será considerado são as disputas nos municípios, já que prefeitos e vice-prefeitos do PTB devem acompanhá-los – os vereadores só poderão sair em 2024.
Uma das possibilidades é o PL, sigla pela qual o presidente Jair Bolsonaro vai concorrer à reeleição. A família Moraes é apoiadora irrestrita de Bolsonaro e, de acordo com Sérgio, a possibilidade já foi tratada com o próprio presidente. Sobre o fato de o PL em Santa Cruz integrar o governo Helena Hermany (PP), a quem o PTB faz oposição, Sérgio disse que isso não seria necessariamente um impeditivo. “Nem paramos para pensar nisso ainda, mas não vejo maiores problemas. O Elstor (Desbessell, vice-prefeito) é meu amigo”, disse.
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No ano passado, o PTB chegou a lançar Sérgio pré-candidato ao Senado e o pré-candidato a governador Luis Carlos Heinze (PP) citou o ex-deputado como um possível nome para vice. Na semana passada, o nome de Kelly também apareceu como uma possibilidade para dividir a chapa com o progressista. Segundo Sérgio, até que a questão partidária se resolva, tudo isso ficará em segundo plano. “Não adianta ser cotado para isso ou aquilo se não temos partido. Nesse momento, temos que decidir o que fazer com o partido.”
Essa não é a primeira vez que uma possível saída dos Moraes é ventilada no PTB. Em março do ano passado, após Roberto Jefferson, então presidente nacional, dirigir declarações ofensivas ao governador Eduardo Leite (PSDB), o presidente da sigla em Santa Cruz, Marco Borba, disse que isso poderia levar a uma desfiliação dos líderes locais.
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