Pai e filho, João e Anderson Dick estiveram na semana passada no programa Rede Social, da Rádio Gazeta FM 107,9. O pai é diretor da João Dick Empreendimentos e o filho é fundador e CEO Global da FuelTech, empresa que trabalha com gerenciamento eletrônico de veículos e com tecnologias e soluções para alta performance automotiva em competições.
A trajetória de João influenciou a de Anderson. Quando tinha 13 anos, o filho viu o pai lançar o primeiro condomínio de Santa Cruz do Sul, intitulado Costa Norte. Na época, era algo diferente, um processo disruptivo no mercado. “Não segui no mesmo ramo. Fui para a eletrônica, mas o empreendedorismo é um princípio que aprendi com o meu pai, e que pode ser aplicado em qualquer área”, explicou Anderson.
João Dick acredita que a ideia deve se tornar um projeto. O primeiro empreendimento realizado por ele, há quatro décadas, foi inspirado em um anúncio da Gazeta do Sul, de um terreno com 5 mil metros quadrados no Corredor Umann. “Propus a compra da área por quatro pessoas. Cada um ficou com uma parte e o valor reduziu. O dono do terreno e os vizinhos ficaram felizes. Sobrou uma quinta parte do terreno para mim.”
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A João Dick Empreendimentos acumula uma caminhada de 36 anos. João Dick ganhou experiência na corretagem de imóveis antes de abrir a empresa. Anderson adquiriu o conhecimento e a percepção de que as ideias precisavam de um projeto, com valor para as pessoas. “O empreendedor precisa enxergar além e buscar soluções. Na época do Costa Norte, ainda não havia essa percepção do valor de morar em um condomínio fechado.”
João Dick avalia que o filho possui uma veia empreendedora ainda mais forte, pela criatividade e pela expansão no desenvolvimento de soluções, agregadas ao negócio inicial. “Os clientes do Anderson estão no mundo. Os meus estão em Santa Cruz e na região. Precisamos sempre saber onde estamos pisando e criar produtos e projetos novos de acordo com a nossa realidade.”
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Conforme João Dick, a pandemia gerou um fluxo de negócios diferente. Pessoas indecisas sobre compras de imóveis tomaram a iniciativa, até pelo medo da morte, aponta o empresário. O ambiente se modificou aos poucos e a maior ameaça é a inadimplência, com a elevação dos custos pela crise econômica. “A tomada de decisão mudou o mercado novamente. É um ambiente instável. A taxa de juros muda bastante, o preço do ferro também. É um desafio diário na construção civil”, enfatizou.
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A FuelTech nasceu como um projeto para conclusão do curso de Engenharia Elétrica da Ufrgs. O interesse comercial surgiu com amigos de Santa Cruz do Sul. Dessa forma, a empresa começou por meio da produção de um módulo de injeção eletrônica para carros de corrida, em 2001.
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O mercado era minúsculo e não existia importação de produtos. Ao ser reprovado em duas disciplinas, Anderson mudou o planejamento de ir para a Alemanha fazer um estágio na Bosch para investir no produto que havia criado. O período experimental foi nas provas de arrancadas dos autódromos gaúchos. A empresa acabou sendo registrada em 2003. “Era um produto feito em casa, totalmente artesanal. Mas, como surgiu uma demanda, percebi que precisava consolidar o projeto com a abertura de uma empresa”, frisou.
Nos 18 anos de existência, a empresa jamais cresceu menos do que 50% por ano. A decisão mostrou-se acertada. Boa parte dos lucros são reinvestidos para o crescimento do negócio. Anderson explica que a FuelTech passou por mudanças. Atualmente, o módulo pode controlar qualquer tipo de veículo, como carros antigos, com a injeção eletrônica danificada, ou que tenha carburador e o proprietário deseja mudar para injeção. A divisão de eletrificação, para conversões em elétricos, existe há cinco anos, em parceria com a WEG. Até uma linha de vestuário e produtos para melhora de performance estão na lista de opções.
Anderson analisa que havia uma demanda para produção na China nos anos 1980. Houve uma mudança nos últimos anos com o aumento do preço da mão de obra, das burocracias e do frete internacional. Para ele, a melhor opção é produzir no Brasil. A unidade nos Estados Unidos conta com 25 funcionários, enquanto a brasileira tem 160. Ao menos 45 trabalham no setor internacional. “Pela cotação do dólar e pela capacidade técnica dos funcionários no Brasil, conseguimos ter uma vantagem competitiva por ter equipes maiores e mais competentes para o mercado internacional, que paga mais caro.”
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Pela experiência nos dois mercados, Anderson auxilia empreendimentos no intercâmbio de negócios entre Brasil e Estados Unidos. A FuelTech é a segunda empresa mais conceituada do ramo na terra do Tio Sam. A sede brasileira fica em Porto Alegre, onde há produção e desenvolvimento. Nos Estados Unidos, a unidade atua no gerenciamento para a América do Norte.
Há funcionários na Austrália e na Alemanha, além de representações em diversos outros países. “O quarto país em faturamento é a Indonésia. O produto se torna popular em mercados que a gente nem imagina. No automobilismo, o segredo é fazer sucesso nos Estados Unidos. Foi importante provar a qualidade internacionalmente”, comentou Anderson Dick.
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Anderson define o momento atual como revolucionário pela eletrificação da frota mundial de veículos. Com isso, haverá uma mudança gigantesca na indústria automotiva, o que vai gerar oportunidades. A pandemia mudou a cara das empresas também. “Se todo mundo sair do remoto, não teria lugar para todos sentarem”, exemplificou.
Nos Estados Unidos, o governo turbinou a economia com incentivos para pessoas físicas e jurídicas. Com isso, uma inflação foi criada, considerada positiva por parte da população, pela valorização patrimonial. “Muitos não perceberam que o salário não subiu e a oferta de crédito também não. Parte da população saiu dos grandes centros para fugir do custo elevado.”
Para Anderson, decisões acertadas garantiram a estabilidade da FuelTech durante a pandemia. “Tivemos um crescimento exponencial. Conseguimos nos adequar rápido. Fomos agressivos, contratamos a mão de obra disponível e garantimos estoque, como chips de processadores, que estão em falta no mundo todo. Somos uma das únicas empresas que não enfrentaram falta de produto. Com isso, ganhamos mercado. Assumimos maiores riscos, fomos arrojados, mas atingimos um resultado positivo”, analisou.
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