Uma sensação de impunidade assola os familiares do empresário do setor de transportes Ediér Antônio Bernardini, torturado e morto na sede de sua empresa, no interior de Agudo. O assassinato completou oito anos na última quarta-feira. Mesmo após o indiciamento realizado pela Polícia Civil e da abertura de processo contra os réus, o julgamento nunca ocorreu – e sequer tem data para acontecer.
O júri chegou a ser marcado e adiado por três vezes, a última no dia 31 de janeiro. Em função da pandemia e com a suspensão de atos presenciais, não tem nova data para acontecer. Em outubro e novembro do ano passado, as sessões foram adiadas em razão de ausências no julgamento e abandono do caso por parte do advogado da ré.
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Na última vez, em janeiro deste ano, o defensor constituído pela própria Justiça também renunciou ao processo. A ré Rosângela Lipke, com quem a vítima teve um relacionamento e é acusada de ser mandante do crime, deverá ser julgada junto com o outro réu do caso, Valter André Silva Santos. Na última tentativa de julgamento, ele não apareceu e o seu advogado alegou problemas de saúde.
Além dos dois réus citados acima, Diones Crumenauer dos Santos e Gelson da Silva Grigolo também são acusados. Porém, serão julgados separadamente porque ficaram foragidos durante a investigação policial e só foram encontrados mais tarde. A ré também entrou com pedido de desaforamento, solicitando que o júri não aconteça em Agudo. O recurso está tramitando.
Em fevereiro passado, a Gazeta do Sul entrevistou Gustavo Bernardini, filho da vítima. Na ocasião, Tony – como é conhecido – disse que a família esperava pela condenação e captura dos envolvidos. “Seria um alivio, uma paz para nossa família. A ferida nunca será fechada, mas estancaria nossa agonia”, afirmou na ocasião.
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Relembre o caso
A investigação apontou Rosangela Lipke como mandante do crime. Ela teve um relacionamento anterior com a vítima e estaria exigindo dinheiro e bens do empresário, que já havia registrado ocorrência policial relatando ser ameaçado de morte pela acusada. O assassinato ocorreu no dia 30 de setembro de 2012. O empresário de 56 anos foi amarrado e torturado. Ele sofreu lesões na face, tórax e pernas.
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Seu corpo foi encontrado amarrado ao portão de um galpão da própria firma de Bernardini. Segundo a Polícia Civil, havia marcas de tortura e de uma facada no peito. O corpo foi descoberto por um funcionário da empresa que a vítima mantinha há 30 anos, a Transportes Edini. O motorista chegou de viagem por volta das 17h15 e se preparava para descarregar o caminhão quando viu o patrão morto.
Nascido em Linha dos Pomeranos, interior de Agudo, o empresário deixou o campo na década de 1980. Na cidade, sempre trabalhou com transportes. No ano anterior ao assassinato, mudou-se para Rincão do Mosquito, para onde transferiu a sua empresa. Ediér Bernardini era tido como uma pessoa gentil e amável. Ele morreu em consequência da facada no abdômen, que atingiu o fígado e provocou hemorragia interna, conforme o laudo pericial.
Em princípio, a investigação considerou que poderia ser um caso de latrocínio (roubo com morte), pois foram levados a carteira e um veículo do empresário. No entanto, a polícia concluiu que Rosangela teria planejado o crime com a participação dos outros três acusados. O veículo da vítima foi encontrado com o outro réu, Valter André Silva Santos.
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Eles negam a participação no caso, mas foram indiciados no inquérito policial com base na quebra do sigilo telefônico e no relato de testemunhas que teriam ouvido os quatro combinarem o crime, além de outros indícios. O Ministério Público acatou a investigação e denunciou os réus por homicídio qualificado, com pena que pode chegar a 30 anos de prisão. Em nota divulgada à imprensa esta semana, os familiares lamentam a morosidade no desfecho e afirmam que esperam justiça.
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