Polícia

Família de Cleisinho teme represálias de foragido apontado como assassino

Embora no âmbito judiciário o processo sobre o homicídio de Cleison dos Santos, de 21 anos, ocorrido em março do ano passado, esteja seguindo todos os trâmites legais, fora dos tribunais, o caso, considerado o assassinato de maior repercussão em Santa Cruz do Sul em 2022, continua tendo desdobramentos. Isso porque a família de Cleisinho alega estar sendo ameaçada e teme represálias por parte de Diogo Francisco da Silva, de 22 anos, acusado de ter assassinado o jovem em uma cova junto a uma área de mata no Loteamento Santa Maria, Bairro Dona Carlota.

O réu está foragido há um ano e dois meses, desde 5 de outubro do ano passado, quando escapou do presídio de Candelária. Desde então, vem sendo procurado pelas forças de segurança. Na época, o indiciado teria aproveitado um dos dias de visita a detentos para fugir pelo telhado da casa prisional, não sendo mais visto pelos agentes penitenciários. Ele cumpria prisão preventiva no local desde 20 de abril de 2022, quando foi localizado no interior do mesmo município onde ficou detido, após buscas conduzidas pelos agentes da 2ª Delegacia de Polícia.

RELEMBRE:

Segundo a tia de Cleisinho, a cuidadora de idosos Sandra Liliane dos Santos, de 44 anos, o rapaz foi visto nos últimos meses por conhecidos nas imediações do Loteamento Viver Bem, Bairro Dona Carlota, e no Berçário Mãe de Deus, no Bairro Santuário, dois locais na Zona Sul da cidade onde ele possui familiares e pessoas próximas.

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Conforme Sandra, em julho, ela mesma enxergou o acusado. “Ele correu atrás de mim quando eu estava vindo do serviço, atravessando a ponte entre o Santa Vitória e o Viver Bem. Ouvi um grito, e vi ele correndo com um pedaço de pau. Parei na casa de uma vizinha e ele saiu para o lado do Loteamento Santa Maria”, disse a mulher que criou Cleisinho como filho desde que ele tinha 8 anos, pois os pais dele moram no interior.

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“Sinto a presença dele”, diz tia de vítima

Cleison tinha 21 anos quando foi morto | Foto: Reprodução/Facebook

Para Sandra Liliane dos Santos, o fato de o acusado de assassinar seu sobrinho estar próximo causa pânico na família, e ela pede proteção da polícia. “Ele estar foragido até agora é algo que faz a gente ficar apreensivo. Um assassino que fez essa crueldade não deve estar no meio da sociedade. Se ele fez isso pro meu sobrinho, pode fazer para qualquer um.”

Em março, quando o caso completa dois anos, a família prevê uma manifestação em frente ao Fórum. “Ele era um guri bom, sabemos que não vai voltar, mas queremos justiça, porque foi um crime bárbaro que aconteceu em Santa Cruz. É muito triste. Até hoje não consigo viver direito e parece que sinto a presença dele na minha casa”, disse a tia.

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RELEMBRE: VÍDEO: delegado fala sobre localização do corpo de Cleison dos Santos

Na época da prisão de Diogo, optou-se pela permanência do acusado no presídio de Candelária, por entender que ele poderia sofrer represálias de apenados em Santa Cruz em decorrência da brutalidade do assassinato de Cleisinho. O fato é que a casa prisional no município vizinho tem menos segurança que o Presídio Regional de Santa Cruz, o que oportunizou uma fuga.

Diogo foi indiciado pela Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de ocultação de cadáver e homicídio duplamente qualificado. As duas qualificadoras, que podem resultar em aumento de pena, foram uso de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele é defendido pela Defensoria Pública.

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RELEMBRE: Amigos e familiares homenageiam Cleison dos Santos, morto no Loteamento Santa Maria

Conexão com outro homicídio

Em 31 de agosto do ano passado, a juíza Márcia Inês Doebber Wrasse, da 1ª Vara Criminal, proferiu a sentença de pronúncia para Diogo Francisco da Silva. O fato de ele estar foragido não irá trancar o andamento do processo criminal. Mesmo se não for recapturado, Diogo será julgado à revelia, pois já havia sido citado na fase de instrução e intimado de sua sentença ainda quando estava no Presídio Estadual de Candelária. Por isso, o caso deve seguir o trâmite normal. Uma data para seu julgamento deve ser marcada, mesmo que ele não compareça para responder por seus atos.

Conforme as investigações, Diogo flagrou a própria companheira com Cleison na cama. Movido por ciúmes, teria encurralado a vítima e acertado golpes de faca no jovem, que nem sequer esboçou reação.
Cleison foi degolado com um golpe de faca profundo no pescoço, e também levou outro nas costas. Depois, foi enterrado em uma cova no Loteamento Santa Maria. No dia 15 de março de 2022, após registro de desaparecimento, moradores encontraram o cadáver. O caso gerou ampla repercussão e provocou desdobramentos cruéis.

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Diogo foi preso em 20 de abril de 2022 em Candelária, por agentes da Polícia Civil

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Em vingança à morte do rapaz, na mesma tarde, quatro homens foram até a casa do pastor Alex Fabiano Ramos Corrêa, de 48 anos, que era pai da companheira de Diogo que foi flagrada com Cleison na cama. Segundo investigações, após recusar-se a dar aos criminosos a localização do genro, Alex foi morto a tiros na frente da própria casa, na Rua Guarda de Deus, Bairro Santuário.

Os quatro homens identificados pela Polícia Civil como integrantes do bando que foi ao local para assassiná-lo terminaram indiciados por homicídio duplamente qualificado. As duas qualificadoras, que podem resultar em aumento de pena, foram a impossibilidade de defesa da vítima e o motivo torpe. Atualmente, os quatro estão em liberdade e os nomes deles são mantidos em sigilo pelas autoridades.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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