O leitor Fernando Hennig guarda, em um acervo junto ao Caffe Haus, em Sinimbu, a tradução de cartas que imigrantes alemães enviaram a familiares, na Alemanha, falando sobre a vida que levavam na colônia de Santa Cruz. Os textos nos mostram a realidade que viviam na nova terra.

Em carta datada de 4 de setembro de 1909, Adam Claas pede desculpas pela demora em responder à última correspondência que veio da Alemanha. O motivo era relevante: o retratista havia demorado em passar pela localidade (hoje Sinimbu) e ele não tinha fotografia para enviar. Depois de meses de espera, finalmente o fotógrafo visitou a família. Ele, a esposa Anna Margareth e a filha Erna vestiram a melhor roupa e foram fotografados. Pediu que o retrato fosse mostrado aos parentes e amigos, para que todos vissem como a família estava bem.

Por outro lado, relatou as dificuldades enfrentadas na área da saúde, que era precária. Explicou que a varíola atingiu, praticamente, todas as casas, mas a dele, até aquele momento, havia sido poupada. Disse que os médicos Hardegger e Ortenberg ordenaram a vacinação contra a doença, mas muitos não aceitaram. E o governo não forçava ninguém.

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Lamentou a morte de uma sobrinha do irmão e acrescentou que todos da família de Peter Holz tiveram a doença, mas ninguém morreu. Peter, no entanto, quase ficou cego e precisou submeter-se, por várias semanas, a um tratamento realizado pelo pastor Hamman. “Ele vive em Sinimbu e é um médico eficiente.”

A raiva também causava preocupação, tendo matado cães e outros animais por eles atacados. Um cavalo doente teria mordido um dos filhos do sr. Schieferdecker e o rapaz ficou muito mal, sendo levado, junto com outros doentes, para tratamento no Rio de Janeiro, onde um instituto especializado conseguiu curá-lo.

Por último, reclamou da umidade, que estava atrapalhando o plantio de milho, arroz, feijão e tabaco. Felizmente, o ano anterior (1908) havia sido bom, o que estava amenizando as dificuldades.

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