Os dias de temperaturas escaldantes se tornaram ainda mais desagradáveis em função da falta de água em boa parte de Santa Cruz do Sul. Nos bairros Bonfim e Arroio Grande, principalmente, as interrupções no abastecimento foram – e continuam sendo – quase diárias.
A Rua Venezuela, do Bonfim, é uma das mais problemáticas. Moradores afirmam que a situação se repete de duas a três vezes por semana. E para agravar os transtornos, quando a água não acaba é a pressão que se torna o problema, pois acaba estourando os canos nas residências. A moradora Chirlei de Lima, 33 anos, trabalha como manicure em casa e acabou arcando com prejuízos. “Já tive que cancelar vários atendimentos por causa disso e deixei de ganhar dinheiro. Ainda tive gastos quando os canos estouraram”, reclama. “Tenho cinco filhos pequenos e acabei tendo que adotar um método antigo para dar banho neles, usando uma bacia”, conta.
A água que ela conseguiu para banhar as crianças, no entanto, veio do poço da sua vizinha, a microempresária Cristiana de Ramos Klafke, 40. “Há anos já tenho esse poço. A água é limpa, sem cheiro. Quando falta, ao menos tenho essa fonte. Mas acabo tendo que ajudar os vizinhos, pois muitos não têm outra opção”, diz Cristiana. Ela observa que cinco pias de sua residência também tiveram problemas nos últimos dias, pois a tubulação se rompeu por causa da alta pressão.
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Outro vizinho de Chirlei e Cristiana, o pedreiro José Almeida, 52, também espera uma solução para o caso. Embora aparentemente os canos de sua casa não tenham se rompido com a pressão, ele diz que nos dias quentes, a situação beirava o insuportável. “Neste ano, isso está sendo muito frequente. No mínimo, duas vezes por semana falta água. Passamos o verão inteiro assim, sem saber quando ia ter e quando não ia”, disse. Ao longo da semana, os moradores do Bonfim estavam apreensivos com um cano que havia se rompido na região.
No Bairro Arroio Grande, os relatos são parecidos, mas ainda mais frequentes. Famílias relatam que as interrupções no abastecimento naquela área são quase diárias. Adriana Chamorro, 43, reclama que o problema geralmente se inicia pela madrugada, por volta das 4 horas, e continua durante o dia. O fornecimento apenas se normaliza por volta das 16 horas. “Todos os dias enfrentamos este problema. Para cozinhar, temos que usar água mineral sempre. O gasto é enorme, mas sem isso não temos comida”, reclama Adriana.
Corsan
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Segundo o gerente da Corsan, Armin Haupt, a empresa atua para solucionar os problemas de vazamento com frequência, o que gera a falta de água nos bairros. “Geralmente, o que ocorre é que obras particulares acabam intervindo na tubulação, pois as pessoas não procuram se informar sobre onde estão instaladas as redes de água. A maioria dos vazamentos ocorridos ultimamente são devido a isso”, afirma. A forte pressão, no entanto, é uma consequência dos ajustes feitos na tubulação das ruas. “Quando falta água em algum lugar, temos que aumentar a pressão para não afetar o abastecimento”, ressalta o gerente.
Além dos bairros Bonfim e Arroio Grande, ele ainda aponta transtornos no Esmeralda, Aliança e Margarida. “Os últimos dias foram atípicos, realmente tivemos muitos problemas. Mas realizamos muitas obras de melhoria, então acredito que a situação deve melhor em breve”, afirma Haupt.
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