Santa Cruz do Sul

Falta de repasses para cobrir atendimentos do SUS gera crise financeira no HSC

A crise financeira enfrentada pela saúde pública não é novidade nem exclusividade das instituições do Vale do Rio Pardo, mas o déficit acumulado pelo Hospital Santa Cruz (HSC) em 2022 é motivo de preocupação para os gestores. O montante negativo chegou a R$ 18 milhões e obrigou a direção da casa de saúde a contratar uma assessoria especializada em gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) para fazer um diagnóstico nas contas e auxiliar na busca por alternativas.

Na manhã de sexta-feira, 30, o presidente da Associação Pró-Ensino em Santa Cruz (Apesc) e reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Rafael Frederico Henn, e o diretor do HSC, Vilmar Thomé, concederam entrevista conjunta ao jornalista Ronaldo Falkenback, da Rádio Gazeta FM 107,9. Explicaram em detalhes a situação e as medidas que vêm sendo adotadas para mitigar a crise. Antes de se aprofundar em qualquer outro assunto, Henn descartou a possibilidade de a Apesc, mantenedora da casa de saúde, vender o HSC, e frisou a importância de um hospital de ensino para o município e região.

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Ao tratar sobre as dificuldades financeiras, Thomé destacou que, em 2022, 83% dos atendimentos prestados foram pelo SUS. Os pagamentos recebidos por esses serviços, contudo, foram suficientes para cobrir somente 57%. Afirma que quando o SUS foi criado, ficou definido que o custeio seria dividido entre os três entes federativos: União, estados e municípios.

Hoje, no caso do HSC, o Município honra o compromisso que lhe cabe; o Estado não destina os 12% do orçamento que deveria; e a União nem sequer possui lei que especifique os valores a serem transferidos, de modo que variam conforme o orçamento anual.

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“O Município até ultrapassa o seu percentual, mas sozinho não consegue compensar a defasagem dos outros dois entes”, afirmou. Thomé ressalta que periodicamente há um reajuste do custeio por áreas, mas o custo de operação cresce em proporção superior. Diante desse cenário, as contas não se equilibram.

Por lei, o volume mínimo de atendimentos pelo SUS é 60%. Porém, desde a criação do sistema, em 1990, o HSC trabalha com números maiores e que chegaram a ser de mais de 90%. Hoje, fica em torno de 80%.
Entre as alternativas trabalhadas está, inclusive, a redução do volume de serviços pelo SUS, além da otimização dos gastos e a busca por novas fontes de receita. “A gestão do custo é muito complexa, chega um momento que não é possível reduzir mais.”

Henn e Thomé em entrevista à Gazeta | Foto: Ronaldo Falkenback

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Para ampliar receita, novos serviços devem ser ofertados

Rafael Henn reforçou que tanto a Prefeitura como a Secretaria Estadual da Saúde, o Ministério da Saúde e os líderes políticos regionais têm conhecimento e ciência das dificuldades enfrentadas pela instituição. “Estamos muito preocupados. Sem dúvida são dados significativos, mas estamos também otimistas com as inúmeras possibilidades e acreditamos que os próximos anos podem ser diferentes”, disse.

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Para tentar aumentar as fontes de receita além do SUS, o HSC busca ampliar os atendimentos via convênios e privados, bem como aumentar a prestação de serviços. Um bom exemplo de sucesso é o caso da própria Unisc, que precisou buscar soluções após a queda brusca no total de alunos nos cursos de graduação e encontrou nos serviços à comunidade uma alternativa. Atualmente, depois do ensino, a segunda maior porta de entrada de recursos na universidade é a Central Analítica, que foi inclusive expandida com uma nova unidade no Mato Grosso para atender à crescente demanda.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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