Expectorantes, antialérgicos, anti-inflamatórios e antibióticos estão em falta nas farmácias de pelo menos 19 estados brasileiros. Em Santa Cruz do Sul, o cenário é o mesmo. A Gazeta do Sul consultou três farmácias em diferentes áreas do município que sentem a carência na distribuição de remédios. “A procura está muito alta. Nessa época é o auge de antibióticos, antialérgicos, xaropes, e são os que faltam”, relata Angélica Leite Carvalho, farmacêutica de um estabelecimento no Centro. “A gente acaba perdendo muita venda, mas o pior são os pacientes, que ficam sem o produto”, acrescenta.
Chás contra gripe não se encontram nas prateleiras. Remédios comuns, como o anti-inflamatório nimesulida e o antialérgico loratadina, estão em falta no mercado. O principal motivo é a escassez de matéria-prima para a indústria. O Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) é a base para a produção de todos os medicamentos. O Brasil importa 95% do IFA usado nas fábricas nacionais. Desse montante, 68% é proveniente da China.
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Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o cenário pandêmico e geopolítico influencia na dificuldade em comprar o produto de fora do País. Núcleo financeiro chinês, Xangai está em lockdown desde abril. Nessa quarta-feira, a cidade iniciou a flexibilização das atividades, mas já observou um novo aumento de casos de Covid-19.
Outro fator que impede a distribuição de IFA na indústria nacional é a guerra no Leste Europeu. O conflito entre a Rússia e a Ucrânia desregulou as rotas comerciais de todo o mundo. Ainda segundo a Abiquifi, para produzir 20% do insumo utilizado no Brasil, o País precisaria investir pelo menos R$ 2 bilhões em dez anos.
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O cenário observado no centro de Santa Cruz do Sul se repete em outros bairros da cidade. De acordo com Marlon Zuchetto, farmacêutico de uma loja no Arroio Grande, não há estoque suficiente para a demanda de pastilhas, xaropes expectorantes e antialérgicos. “Vem pouco da distribuidora. O remédio entra, mas logo sai”, afirma Zuchetto.
Além da escassez no mercado, a proximidade do inverno faz aumentar a procura por medicamentos que combatam sintomas respiratórios. O farmacêutico afirma que o número de pacientes com gripe é maior do que em 2021. “Devido à pandemia, no ano passado não teve comprador por causa do uso da máscara. A procura foi muito pequena porque a máscara acaba evitando também a influenza”, referiu.
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No Bairro Santo Inácio, a vendedora Dulce Helena Schul reafirma a falta de muitos produtos. Entre um atendimento e outro, relatou a carência de remédios na farmácia. “Antialérgicos, xarope para tosse seca, antibióticos, pastilhas para garganta, chá para gripe. Muitos medicamentos estão faltando”, enfatizou Dulce Helena.
A falta de antibióticos para uso infantil é percebida há três meses nas farmácias. A escassez é um desafio para os pediatras. O motivo é a baixa gama de remédios que podem ser usados por pacientes pediátricos.
Os principais, amoxicilina e azitromicina, são raros nas gôndolas.
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Além da falta do insumo para a produção dos medicamentos, as embalagens também estão escassas. Não há frascos, vidros e conta-gotas.
O soro fisiológico, por exemplo, não depende da importação do IFA chinês. A produção, porém, está restrita pela falta de polímeros de plástico, componente necessário na embalagem.
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