Falta de energia elétrica revolta moradores

Cinco dias após a chuva deixar um rastro de destruição em todo o Estado, muitas pessoas ainda convivem com a falta de energia elétrica. Conforme a AES Sul, até as 18 horas de ontem pelo menos 1,5 mil residências no Vale do Rio Pardo estavam sem luz. No momento mais grave do problema, 20 mil casas ficaram desabastecidas na região. Em Santa Cruz do Sul, 350 pontos estavam sem o serviço até ontem, com os casos concentrados principalmente na área rural. De acordo com a concessionária, cerca de 200 funcionários, entre técnicos e eletricistas, trabalham no conserto dos estragos.

Indignado com a situação, o agricultor Alberto Schwengber, 46 anos, relata que o trabalho na propriedade localizada na Travessa Bohnem, no Distrito de Rio Pardinho, fica quase inviável sem energia elétrica. Segundo ele, a produção de leite é muito prejudicada. “Temos 20% de queda nesses cinco dias sem luz. Com o maquinário, conseguimos 150 litros de leite por dia; fazendo tudo a mão, tiramos no máximo 120 litros”, calcula. “Investimos em máquinas para facilitar o trabalho e agora ficamos sofrendo porque não tem energia. E o pior é que isso ainda pode causar problemas nos animais.” Schwengber conta que, para não perder a produção, precisou pedir ajuda a um vizinho que tem gerador. “Contamos com a boa vontade dele, que nos emprestou um espaço no resfriador. Senão, a gente ia perder tudo”, salienta. 

A esposa de Alberto, Denise Schwengber, 45 anos, destaca que ainda na quinta-feira da semana passada, por estarem sem sinal de telefonia, ela e o marido foram até a sede da AES Sul para pedir alguma providência. No entanto, não teriam obtido nenhuma previsão para o conserto. A carne armazenada no freezer, por exemplo, estava perto de estragar ontem. “Sinto como se a gente estivesse voltando no tempo. Nos chamam de agricultores, mas estamos mais para escravos. Nada contra o pessoal da cidade, mas a colônia também tem valor. Se a gente vai mal, a cidade também piora”, desabafa Denise.

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