No reiterado estilo Donald Trump de comunicação – polêmico, arredio e irresponsável –, Bolsonaro tem produzido mais argumentos em prol de adversários do que os próprios seriam capazes de realizar.
Até há pouco tempo, e em alguns momentos, era razoável supor que se tratava de uma estratégia de manutenção do divisionismo decorrente da eleição presidencial.
Mas a continuidade de sua irreverência (para dizer o mínimo) desperta preocupações. Ainda que possa alegar que se trata de reação às provocações, notadamente de setores da imprensa que privilegiam aspectos negativos em detrimento de atos e fatos positivos de sua gestão.
Não adianta reclamar do parlamento e da imprensa. O comportamento de ambos não se modificará. Aliás, da crescente degradação ética e qualitativa do parlamento já se sabia faz tempo. A novidade é o abastardamento de alguns setores da grande imprensa.
Todavia, se o presidente tem planos de colocar em prática sua agenda e proposta de governo – aliás, apoiada e aprovada popular e eleitoralmente –, deve agir rápida e incisivamente, sob pena de prosperarem dúvidas que venham a agravar e fragilizar a estabilidade governamental.
Enfrentamento e tratamento da pandemia à parte, são igualmente urgentes as ações relacionadas a reforma do estado, redução da intervenção estatal na economia etc.
A continuar a polemizar publicamente e nas redes sociais por motivos menores do que sua agenda, mais e mais dependente ficará relativamente a necessária constituição de uma maioria congressual.
Se insistir na prática divisionista social e política, em piorado estilo comparado às gestões anteriores, restará incapaz de governar. Salvo sua minúscula e difusa base partidária, provavelmente os demais partidos e parlamentares não deixarão de aproveitar cada vacilo e discussão estéril.
A cada sinal de fragilidade política no núcleo do poder, não importa se decorrente de notícias verdadeiras ou fakes, é da natureza parlamentar nacional aumentar o “valor do troca-troca”. Oferta de apoio em troca de “demandas” cada vez mais onerosas.
Fale menos, presidente. Sua palavra representa o poder de estado. Pode gerar responsabilidades e produzir efeitos jurídicos. A função pública tem ônus que se impõem para além da pessoa e da própria fala.
Afinal, a história ensina, semeados em abundância e frequência, a demagogia e o populismo costumam resultar em desgoverno e tragédias sociais. O chinês Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.) afirmou que “um homem que comete um erro e não o corrige está cometendo outro erro”.
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