Ela tem a habilidade de transformar a aparência de uma pessoa. Raquél Reis, de 41 anos, é confeccionadora de perucas há mais de uma década. Já produziu até 200 cabelos diferentes em um mês. “É um trabalho muito puxado e custoso. Mas eu amo esse poder da transformação.” O trabalho de confeccionador de peruca é uma das 19 novas profissões reconhecidas no Guia Brasileiro de Ocupações. Ele foi lançado na última quinta-feira, 6, pelo Ministério do Trabalho e Emprego e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Raquél Reis diz que a produção de perucas garante uma remuneração suficiente para pagar as contas. Ela prefere trabalhar de forma autônoma, para conseguir atender desde clientes comuns até produções artísticas maiores para o cinema, televisão e teatro. Atualmente, está envolvida na peça O Rei Leão, em cartaz em São Paulo.
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A demanda de pessoas com câncer, que perdem os cabelos por causa da quimioterapia, também costuma ser alta. Raquél já atendeu 18 pessoas com essa necessidade em um mês. “É difícil ver uma mulher perdendo o que ela ama, porque isso é a moldura do nosso rosto. Mas a pessoa chora no momento e, depois que ela coloca o cabelo, volta a sorrir”, diz Raquél.
A versão atualizada do Guia Brasileiro de Ocupações lista 2.609 profissões do mercado de trabalho. A entrada na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) é o primeiro passo para que profissionais e instituições busquem maior reconhecimento e organização da profissão. A identificação inicial tem fins classificatórios para registros administrativos, mas não pode ser confundida com a regulamentação da profissão, que sempre é realizada por meio de lei no Congresso Nacional.
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As 19 novas profissões são: terapeuta reiki, instrutor de ioga, instrutor de meditação, facilitador de biodança, facilitador de grupos de movimento, condutor escolar terrestre, lactarista, brinquedista, condutor de cães domésticos, monitor de animais domésticos, instrutor de mobilidade com cães-guia, biólogo em meio ambiente e diversidade, biólogo em saúde, ergonomista, hidrojatista, ufólogo, analista de sucesso do cliente, analista de experiência do cliente e confeccionador de perucas.
Ufólogo
Objetos voadores não identificados (Ovnis) e extraterrestres povoam o imaginário social há tempos. Além de lendas populares e temas de ficção, eles são fonte de pesquisa para um grupo de pessoas que se denominam ufólogas.
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É o caso de Edison Boaventura Junior, de 57 anos, que trabalha com o assunto há 42 e divulga os conteúdos nas redes sociais. Aposentado, foi gerente do Banco do Brasil durante toda a vida e, com o salário, custeou os estudos na área de ufologia. “O meu interesse pelos ovnis surgiu em 1981, depois de avistar um objeto voador não identificado em Guarujá, no litoral de São Paulo. Tinha 14 anos de idade, minha mãe e meu irmão mais novo presenciaram o fato”, conta Edison. Em 1985, ele fundou o grupo ufológico do Guarujá, que pesquisa mais de 600 casos.
A expectativa agora é que, com o reconhecimento oficial de que a ufologia é uma profissão, possam existir remunerações e postos de trabalho oficiais no governo, em áreas de inteligência ou militar, centros científicos e universidades.
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Facilitador de biodança
Parece algo mais novo e desconhecido, mas é uma prática que existe desde a década de 1960. Foi criada por um psicólogo e antropólogo chileno, Rolando Toro, e trazida para o Brasil nos anos 1970. Por aqui, ela tem como principal instituição a Associação Brasileira de Facilitadores de Biodança (Abraça), da qual Wanderléia Aparecida Coelho é presidente.
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“A biodança integra música, movimento e atividades em grupo. O objetivo é que as pessoas possam se reconhecer dançando e, assim, caminhar de forma mais plena pelo mundo. Toda sessão potencializa os despertares do indivíduo”, explica Wanderléia. Segundo a presidente da Abraça, a biodança integra os conhecimentos de várias ciências. Começa com a ideia de promoção da saúde e se aprofunda em outros caminhos de desenvolvimento humano e de autoconhecimento, dentro de uma jornada existencial.
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O profissional que deseja se tornar um facilitador em biodança precisa passar por um processo de formação exigente. A qualificação dura quatro anos, com 400 horas de teoria e prática. Para iniciar o curso, é obrigatório que já tenha participado de sessões e rodas de biodança, para depois seguir os estágios de formação teórica, estágios e apresentação de monografia.
Uma vez concluído, ele se torna um facilitador, conceito importante para entender a profissão. “Ele se diferencia de ser um professor, porque a gente parte do princípio de que estamos ali para criar condições para que um indivíduo se desenvolva. Facilitando processos, criando condições, e não ensinando, no sentido mais conservador da palavra”, diz Wanderléia.
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Instrutor de yoga
Conceito e prática que tem origem na Índia, a yoga (ou ioga) é difundida há um bom tempo pelo Brasil. É fácil encontrar um número alto de praticantes e professores nas redes sociais. Um desses perfis é o de Satyla Leal, de 30 anos, que dá aulas virtuais e presenciais há quatro anos. “O meu dia começa às 4 horas, para eu conseguir fazer minha prática antes de começar a dar as aulas. Às 6 horas, eu tenho a primeira aula, que é virtual. Na sequência, eu faço musculação para fortalecer o corpo e a própria prática”, conta a professora.
Satyla diz que a profissão exige muito envolvimento físico e emocional, e que uma pessoa interessada em se tornar professora precisa ter disciplina e estar engajada nos princípios da yoga. Isto é, praticar o que ensina. “A Yoga não vai resolver os problemas, mas vai te trazer disciplina para o que precisa ser feito. Aprender a trabalhar a mente não como inimiga, mas como ferramenta. Aprender a ouvir o próprio coração”, diz a professora.
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Brinquedista
Já pensou em ser um profissional pago para brincar e organizar brincadeiras de criança? O trabalho de brinquedista envolve um trabalho sério e exige uma formação específica para que a pessoa seja capaz de lidar com uma rotina. O mercado de trabalho tem opções principalmente em brinquedotecas de escolas, hospitais e empresas privadas.
“Uma brinquedoteca hospitalar, por exemplo, não pode ter determinados tipos de brinquedos por conta da higienização. O profissional vai organizar os espaços dentro da brinquedoteca para que sejam atraentes. Ele ensina e incentiva brincar. Pode trazer projetos de músicas ou artes. Também cuida da parte de limpeza e da segurança do brinquedo”, explica Maria Célia Malta Campos, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Brinquedoteca (ABBri).
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