Os casos de extorsão que têm assustado empresários de Santa Cruz do Sul nos últimos dias teriam chegado ao conhecimento do principal líder da facção Os Manos na região, um homem conhecido pelo apelido de Chapolin, atualmente preso em uma penitenciária federal do Rio Grande do Norte. Nas mensagens que intimidam os comerciantes locais, ele é citado como mandante das cobranças e, em alguns casos, o próprio interlocutor se identifica como Chapolin. Contudo, em uma “nota” que circula em certos grupos de WhatsApp, a facção criminosa nega ter envolvimento com esses fatos.
Pelo menos dez situações do tipo já foram registradas no município. Os casos, revelados com exclusividade pela Gazeta do Sul, envolvem intimidações de criminosos aos empresários. Por mensagens de texto e áudio, os bandidos afirmam que perderam dinheiro em recentes apreensões de drogas e armas, efetuadas pelas forças de segurança na cidade, e exigem valores. Ameaçam atacar as vítimas e seus estabelecimentos, caso não sejam atendidos.
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Durante essa sexta-feira, um homem próximo de pessoas ligadas a Chapolin entrou em contato com a Gazeta do Sul para revelar o que seria uma “nota de esclarecimento” da facção (confira abaixo). O texto, identificado como um “salve geral”, afirma que a “organização não está efetuando nenhum tipo de extorsão e chantagem a comerciantes idôneos e lícitos”. Ainda alerta que o grupo está investigando a autoria das ameaças e que “os responsáveis serão duramente punidos”.
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Major Fábio Azevedo orienta vítimas a procurarem a polícia
Ocorrências de empresários extorquidos por criminosos vêm crescendo no Rio Grande do Sul e causam temor nos lojistas. No entanto, em Santa Cruz, a hipótese de que estelionatários estariam usando o nome de organizações criminosas para extorquir e lucrar com o medo imposto aos comerciantes já era apurada pela Brigada Militar, tão logo surgiram os primeiros casos.
Segundo o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM), major Fábio Vilnei Azevedo, é importante que as vítimas divulguem e registrem os fatos, para que não fiquem dentro de uma cifra oculta. “A polícia precisa tomar conhecimento para adotar as providências. Nesse sentido, o nosso Setor de Inteligência trabalha na coleta de dados para entender esse fenômeno. Por vezes, os autores são criminosos que registraram os chips do telefone utilizando o CPF de pessoas idôneas para cometer esses delitos”, comentou o major.
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“É importante ressaltar que as pessoas não devem se sentir intimidadas quando receberem uma mensagem dessas, e sim procurar um órgão policial para receber orientação e, se necessário, fazer o registro das tentativas de extorsão. Normalmente, essas situações são feitas por pessoas presas, ou delinquentes que tiram proveito da situação, da facilidade das comunicações, como o WhatsApp ou outras mídias sociais, para fazer isso”, salientou o comandante.
“Os meninos estão querendo invadir para matar você”
A reportagem teve acesso a alguns dos áudios repassados a empresários. Em um deles, encaminhado à Gazeta nessa sexta-feira por uma empresária, um homem, com forte sotaque de fora do Estado, diz que o estabelecimento dela teria feito a denúncia que resultou na prisão de amigos dele com drogas e armas. Propõe então um acordo para evitar que comparsas fortemente armados, que já estariam em frente à loja, a matassem.
“Os meninos estão querendo invadir para matar você”, afirma o homem em um dos áudios (ouça abaixo). Os casos começaram na última quarta-feira, quando três estabelecimentos – duas barbearias e um salão de beleza – foram alvos de mensagens de criminosos, e se estenderam pelo restante da semana. Conforme a Brigada Militar, só na quinta-feira outros quatro casos foram registrados, após a divulgação dos fatos pela Gazeta. Em um deles, uma mulher de 29 anos recebeu uma mensagem durante a tarde.
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Ela é dona de uma loja no Bairro Ana Nery. O suposto integrante de facção também tentou ligar, mas a vítima recusou. “Fiquei apavorada. De início, achei que era uma dúvida ou reclamação de algum cliente, mas depois ele disse que precisava falar urgente comigo, que era o Chapolin, líder do tráfico de drogas em Santa Cruz, e que integrantes da facção iriam invadir a minha casa se eu não cooperasse”, contou a empresária. Um dono de loja chegou a depositar um valor para um dos criminosos. Outros casos também foram registrados na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).
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