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Faça por merecer!

Admiro Mário Sergio Cortella. Ele se apresenta como filósofo, mas o considero o melhor cronista do cotidiano. O conteúdo das palestras são aulas de autoanálise. Ouvidas com atenção podem reverter na melhoria do nosso comportamento, no aumento de solidariedade e no incremento da humildade no nosso dia a dia. O mundo está muito cheio de certezas absolutas, fruto da arrogância e da falta de humildade diante do desconhecido.

Nesse final de semana, deparei com uma palestra onde Cortella faz uma analogia da nossa existência com o filme O Resgate do Soldado Ryan. Um pelotão inteiro morre tentando salvar um único militar durante a Segunda Guerra Mundial. Ao final da trama, o comandante do grupo, vivido pelo ator Tom Hanks, pouco antes de morrer, sussurra no ouvido do alvo de tanto esforço.

– Faça por merecer!

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O resto da palestra de Cortella vocês podem imaginar como se desenvolveu, com inúmeras analogias com o que acontece em nossa rotina.

Nestes tempos de confinamento, medo, terror disseminado pela grande mídia e da politização de mortes muitos, já pensaram sobre nossa trajetória terrena. Os distúrbios psicológicos se multiplicaram durante a pandemia. Alcoolismo, suicídios, uso de drogas, bipolaridade, desânimo de viver, alterações bruscas de humor e crises de pânico serão manchetes quando a imprensa fizer um mea-culpa sobre o descaso com os recuperados da Covid como antídoto para o medo.

Milhões de brasileiros padecem com danos colaterais à pandemia. Desempregados, sobrevivem de auxílios federais – apelidados pela esquerda de “transferência de renda”. Outros mantêm a família com favores de vizinhos, ajuda de parentes, solidariedade de amigos compadecidos com a miséria.

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Será que nós, neste ano de pânico disseminado à exaustão, fizemos tudo que está ao nosso alcance? Ajudamos o tanto que pudemos? E no resto de nossa existência? O balanço final resulta em “lucro”? Ou seja, fizemos jus ao presente de fazer parte deste mundo, do privilégio da possibilidade de formar família, conhecer pessoas edificantes e aproveitar cada segundo para ajudar?

Digressões de uma tarde abafada de domingo, ao pé da churrasqueira, mateando e pensando nas lições de Mário Sergio Cortella. Alguns – respeito a opinião – o consideram inacessível, prolixo e muito erudito. Mas suas reflexões me ajudam a entender um pouco mais o mundo, as pessoas, as circunstâncias de tudo o que nos cerca.

Cabe a pergunta: o que vem depois? Bueno… aí seria “inticar” – como se diz lá na minha Arroio do Meio – e mexer com crenças, paixões e valores subjetivos.

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Por hoje basta. Deixo, no entanto, o questionamento que dá título a esta crônica. Afinal, você, preclaro leitor/leitora… fez por merecer tudo que ganhou vida afora? Pense, pese, reflita. E mude, se for o caso.

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