O humano é talvez, entre todos os seres vivos, o que menos aprende com a experiência. Fracassamos uma vez, duas, três, várias e continuamos insistindo. Não importa se o que queremos parece errado para os outros. Se queremos, vamos dar um jeito de conseguir. Um simples ratinho de laboratório é condicionado a obedecer padrões por meio da dor e do medo. Conosco, o buraco é mais embaixo. Às vezes, quanto mais apanhamos, mais vontade temos de dar o troco.
Não faltará quem diga que, graças a essa persistência, chegamos aonde chegamos. Se não fôssemos tão teimosos, ainda estaríamos na caverna grunhindo. Certamente, os inventores do fogo se queimaram algumas vezes. Imagina se no primeiro dodói largassem tudo e fossem ruminar as mágoas. Estaríamos comendo carne crua até hoje. Ou nem isso. Seria uma Terra de humanoides primitivos? Nada de motor a combustão. Nada de avião e celular. Prótese de silicone ou viagra. Necas.
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É fato que nossa disposição para enfrentar perigos e avançar nos trouxe até aqui. E que por esse ponto de vista, somos uma espécie vencedora. Um incrível case de sucesso.
Olhando assim, é como se estivéssemos no alto da pirâmide. E abaixo de nós, todos os outros seres e coisas deste planetinha lindo à disposição para nos servir. Ora, ora, se somos os mais inteligentes e os mais capazes, não é justo também que determinemos as regras?
Era mais ou menos assim que nos movíamos, nós esses seres orgulhosos e um bocadinho bairristas chamados gaúchos. Isso, até maio de 2024. Até chover o mês inteiro e passarmos a implorar por ajuda. Até acompanharmos atônitos a destruição sem precedentes. E sentirmos uma dor que desconhecíamos.
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Onde estamos agora que as águas baixaram? Vamos seguir fazendo o que queremos em nome da vaidade, da arrogância, ou vamos aprender com essa trágica experiência? Há a parcela que cabe aos governantes. E há também a nossa parte. A natureza nos tem dado sinais. Poupar água, separar o lixo, reciclar sempre que possível, evitar o consumismo, simplificar a vida, ter responsabilidade ambiental. São atitudes modestas diante da força absurda do grande capital e sua ânsia por lucro. O capital que distribui pouco e mal a riqueza que acumula. O capital e seus empreendimentos predatórios. A miragem de rechear ainda mais os bolsos com uma sociedade onde se possa cobrar até para respirar.
Nossas atitudes para salvar o planeta podem parecer inúteis. Mas são fundamentais. Afinal, somos pequenos diante dos poderosos. Mas somos muitos.
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