Política

Fabiana Sanguiné: “É necessário taxar grandes fortunas”

Estreante em disputas eleitorais, Fabiana Sanguiné (PSTU) é servidora da Prefeitura de Porto Alegre, sua terra natal. Atua na área da Saúde e possui uma trajetória de dirigente classista, com passagens pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) e pela Associação dos Servidores da Saúde (ASSMS). Nesse período, esteve à frente de movimentos grevistas e diversas mobilizações.

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Entrevista

Fabiana Sanguiné (PSTU)

Como a senhora se posiciona na discussão sobre o Regime de Recuperação Fiscal? Entendemos que essa dívida precisa ser questionada. É uma dívida que quanto mais se paga, mais se deve. São juros de agiota que são cobrados do governo do Estado. Esse acordo nos coloca de joelhos frente ao governo federal. Defendemos uma auditoria dessa dívida.

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A senhora considera que a redução do teto de ICMS para baixar o preço da gasolina foi uma medida acertada? Foi uma medida eleitoreira. É necessário discutir frontalmente a questão das isenções fiscais aos super ricos.

Como a senhora vê o tensionamento entre governo e STF? Primeiro, é preciso dizer que as estruturas do Estado estão em consonância para atacar os direitos dos trabalhadores. Vemos agora a discussão do piso da enfermagem, que foi conquistado a duras penas. Quando é para atacar os direitos, seja na reforma trabalhista ou na Previdência, também teve anuência do Supremo. Nós defendemos a revogação total das reformas e do teto de gastos.

No caso do piso da enfermagem, a suspensão se deu porque não havia indicação de fonte de recursos. Isso não é incorreto? É preciso entender que, nesses dois anos de pandemia, vimos surgir 77 novos bilionários no país, dos quais 9 são da área da saúde. São grandes convênios médicos, redes hospitalares e laboratórios. E existe toda uma pressão para não pagar o piso da enfermagem, um direito de quem estava lá na ponta arriscando sua vida para defender a população. É uma chantagem do grande empresariado, que tem seus representantes no Congresso Nacional e no governo.

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Que tipo de proposta de reforma tributária a senhora apoiaria? É necessário, mais do que nunca, taxar grandes fortunas, isenção de imposto de renda para os trabalhadores, perdão de dívidas dos trabalhadores e fim das isenções fiscais dos super ricos. Também defendemos a expropriação das 10 maiores empresas, que sobrevivem com recurso público, apesar do lucro astronômico.

Mas não existe respaldo legal para expropriar empresas. Não existia nenhum respaldo legal também nas reformas que foram feitas para retirar direitos de trabalhadores. Não existe prerrogativa para o tamanho da desigualdade social que temos no país. É preciso discutir as leis que protegem o super ricos.

A senhora acredita que o orçamento secreto precisa acabar? Sim. O orçamento secreto é compra de votos no Congresso. Já vimos essa história lá no primeiro governo Lula, com o mensalão, e está mais do que nunca instituído no governo Bolsonaro.

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O que a senhora pensa sobre a política de flexibilização do acesso a armas que vem sendo executada? O governo Bolsonaro tem uma intenção muito clara de armar quem tem dinheiro e contra a população pobre. Toda defesa do governo é em nome da propriedade privada dos ricos. Defendemos a auto-organização e que a classe trabalhadora tenha o direito de reagir em defesa das suas vidas.

Qual sua posição sobre legalização do aborto e de drogas? A descriminalização do aborto é uma questão de saúde pública. Mais de 500 mil mulheres fazem aborto todos os anos e metade delas são atendidas no SUS, o que gera um enorme ônus para o Estado. A grande maioria são mulheres pobres, periféricas e negras. Em relação às drogas, vai no mesmo sentido, por uma questão de saúde pública e de ataque frontal ao mercado clandestino do qual o Estado precisa se apropriar.

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Guilherme Bica

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Guilherme Bica

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