A prisão, pela Polícia Federal (PF), de um grupo que planejava atentados durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro trouxe à tona nessa quinta-feira, 21, o debate sobre terrorismo no Brasil. No entanto, extremistas islâmicos vêm publicando há mais de um mês instruções e métodos de ataques nas redes sociais em português.
Uma das principais sinalizações de que o Estado Islâmico (EI) tentava conquistar seguidores no Brasil foi a criação, no fim de maio, de um canal em português na rede social Telegram. O canal seguia os moldes do já existente Nashir Channel, que veicula propaganda extremista na plataforma.
Mais recentemente, foi criado outro canal no Telegram, com o nome Ansar al-Khilafah Brazil, que declarou lealdade ao Estado Islâmico e ao seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi. Foi a primeira vez que um grupo no Brasil e na América do Sul anunciou explicitamente sua filiação à organização sunita. A notícia foi veiculada na segunda-feira (18) pela agência norte-americana de contraterrorismo SITE Intelligence Group.
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Métodos de ataque
Foram compartilhados no Telegram manuais e sugestões de métodos para se cometer atentados durante os Jogos Olímpicos. Entre as táticas citadas, há sequestros, envenenamento, uso de drones, acidentes de carro, esfaqueamento e veiculação de falsas ameaças. Uma lista com 17 itens circulou com explicações de como proceder em cada um dos métodos.
Os alvos principais são as delegações e os turistas dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França e de Israel. O “manual” também orienta a envenenar alimentos e bebidas de bares e restaurantes, atacar partidas de seleções de países considerados “inimigos” (os que integram a coalizão internacional contra o Estado Islâmico) e disparar explosivos com drones.
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Evitar mulheres, crianças e países neutros
O item 11 da lista, porém, pede para que os jihadistas evitem atacar mulheres, crianças e países que estão “fora da guerra contra o Islã”. Além disso, o item 13 do manual explica que um atentado em grande escala no solo de uma nação neutra (caso do Brasil) pode fazer com que mais países passem a integrar a coalizão internacional contra o EI.
No Twitter, rede social amplamente usada para divulgação de propaganda terrorista e recrutamento de jihadistas, também há registros de mensagens sobre possíveis ataques no Rio de Janeiro publicadas desde junho.
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Alguns perfis já vinham sendo monitorados por organizações, inclusive pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que identificou um recrutador do Estado Islâmico no Brasil sob o nome de Ismail Abdul Jabbar al-Brazili, apelidado de “O Brasileiro”.
No último dia 11, um fórum online cujas conversas foram monitoradas pelos hackers do Binary Sec tentava ter notícias de al-Brazili. Foram publicadas mensagens em um grupo pedindo ajuda para localizar o recrutador do EI. Os hackers também localizaram mensagens trocadas entre os dias 17 e 18 de junho que exibiam fotos de uma AK-47 publicadas por um usuário apelidado de “Wolf”, o qual se referia aos Jogos do Rio de Janeiro. Em outro post, um norte-americano se dizia fabricante de armas para o Estado Islâmico no Brasil.
Até a operação da PF, realizada hoje no Brasil, a única ameaça concreta que ficou conhecida mundialmente contra o país foi a mensagem publicada por Maxime Hauchard, um dos líderes do Estado Islâmico, logo após os atentados de 13 de novembro, em Paris. “Brasil, vocês são o próximo alvo”, escreveu o jihadista na ocasião.
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