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Extinção de pequenos municípios é condenada por líderes da região

Incluída no novo pacto federativo econômico do governo federal e apresentada ao Senado na última terça-feira, 5, a medida que extingue municípios com menos de cinco mil habitantes cuja arrecadação própria com impostos não chega a 10% da receita total segue causando repercussão entre líderes políticos. Após o prefeito de Vale Verde e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp), Carlos Gustavo Schuch, se mostrar surpreso com a ação, a qual considerou “um prejuízo enorme ao Vale do Rio Pardo”, agora foi a vez do presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) do Vale do Rio Pardo, Heitor Petry, emitir sua opinião sobre o chamado Plano Mais Brasil.

Embora reconheça o interesse da União em discutir o assunto e afirme que os municípios deveriam ser autossustentáveis economicamente por meio da sua arrecadação fiscal, Petry salienta a necessidade de mudar o conceito analisado pelo governo federal, que determina a extinção de municípios através do número de habitantes e da arrecadação fiscal. “A linha de raciocínio do governo federal é lógica no sentido de que os municípios precisam ter uma sustentação econômica própria. Contudo, o grande erro está em tratar de forma igual municípios com características diferentes. Não se deve partir para a extinção dessas cidades e sim trabalhar na ótica de reduzir as estruturas dos pequenos municípios ao tamanho de sua geração de riqueza”, opinou Petry, que se considera um municipalista por natureza.

Heitor Petry: evitar medida tão radical

Segundo ele, as estruturas municipais de hoje, sejam de pequenos, médios ou grandes municípios, estão equiparadas. “Baseados na lei e não por vontade política, os municípios estabelecem estruturas de profissionais de saúde, de assistência social e outros. Para se ter uma ideia, seja um município grande ou pequeno, o mínimo de vereadores são nove, de conselheiros tutelares são cinco, e uma cidade maior pode dar conta economicamente, mas as menores não. É nesse sentido que necessitaria uma adequação para evitar uma medida tão radical como a extinção dos municípios”, salientou Petry, que foi prefeito de Vera Cruz entre 1997 e 2004 e presidiu a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) nos anos de 2004 e 2005.

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Para deputado, ideia é absurda. Senador quer mais discussão
Comprometido com a região, o deputado federal Heitor Schuch (PSB) voltou a criticar a proposta do governo de extinção dos pequenos municípios no País, a qual classifica como uma cortina de fumaça para desfocar os pontos centrais da reforma. “Como municipalista que sou, me somo à nota divulgada pela Famurs e acredito que não há espaço nesta Casa para o avanço dessa proposta absurda”, declarou.

O parlamentar destacou que o discurso é de acabar com os vereadores, prefeito e funcionários dessas localidades, o que seria uma retórica falsa e orquestrada para enganar a população. “Se o problema é o excesso de gasto com Executivo e Legislativo, que se façam os ajustes nestas áreas, mas sem prejuízo à população.” Para o parlamentar, o Plano Mais Brasil mais uma vez se nega a atacar o principal problema do País, que é o pagamento de juros e serviços da dívida pública, que hoje consome 44% do Orçamento Geral da União executado.

Em tom mais ameno, o senador Luis Carlos Heinze (PP) disse que o pacote das reformas econômicas traz medidas fundamentais para o desenvolvimento do Brasil. Contudo, sobre a medida que sugere a extinção dos municípios com menos de 5 mil habitantes, salientou que “existem pontos que precisam ser esclarecidos e debatidos”. “Da forma como foi proposta, reitero que sou contra. É preciso debater e analisar profundamente esta medida, levando em conta todas as questões regionais, políticas, sociais e ambientais de cada um desses municípios. O único aspecto levantado foi apenas o econômico-financeiro” afirmou.

Heitor Schuch: “Proposta absurda”. Fotos: Lula Helfer/Banco de Imagens/GS
Luis Carlos Heinze: “É preciso debater”

Aprovação
Para aprovar as medidas do Plano Mais Brasil são necessários 308 votos na Câmara dos Deputados e 49 votos no Senado, em dois turnos. Aprovada, a nova regra impactaria em 1.254 municípios em todo o País. Todos estes municípios seriam incorporados por outras cidades vizinhas. Conforme a Famurs, o Estado tem 231 municípios com a população limite, inferior a 5 mil habitantes. Deste número, segundo a entidade, 226 teriam a receita própria menor do que 10% do total, considerando os tributos ITBI, IPTU e ISSQN, além de taxas e contribuições de melhoria. Considerando que há 497 cidades no Rio Grande do Sul, 45,5% delas seriam extintas. Na região do Vale do Rio Pardo, seriam nove cidades a serem incorporadas por outras: Cerro Branco (4.676 habitantes em 2018), Estrela Velha (3.660), Gramado Xavier (4.297), Herveiras (3.018), Ibarama (4.412), Lagoa Bonita do Sul (2.884), Mato Leitão (4.456), Tunas (4.560) e Vale Verde (3.479).

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