A Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) abre, no dia 26 de outubro, a Exposição Belchior Abraços & Canções. Reunindo memórias materiais e afetivas da família que acolheu o cantor e compositor durante parte de seus últimos anos de vida no interior do Rio Grande do Sul, a mostra ocupa a Sala Radamés Gnattali, no 4º andar, e parte do Acervo Elis Regina, no 2º andar da CCMQ (Andradas, 736 – Centro Histórico de Porto Alegre).
A curadora da exposição, Marina Trindade, historiadora da Arte e graduanda em Psicologia (Unisinos – POA), juntamente com os pais, Ubiratan Trindade, doutor em Filosofia pela Unisinos, professor e empresário, e a mãe Ingrid Trindade, também empresária, manteve estreita relação com Belchior durante parte do período em que o artista viveu em Santa Cruz do Sul. O acervo da exposição agrega registros fotográficos desse período, desenhos de Belchior, dedicatórias e outros escritos, além de objetos pessoais e uma coleção de matérias de jornais sobre o exílio espontâneo de Belchior longe dos holofotes da mídia, dos palcos e dos estúdios de gravação.
Marina Trindade relata que Belchior morou com ela e com os pais, além de ocupar por um tempo a casa de campo da família. “Nesta exposição, vamos mostrar o arquivo pessoal que fomos construindo desde 2013, quando ele morou conosco. Belchior nos contou, por exemplo, que adorava pintar e desenhar. Houve um projeto realizado pela Revista Caras, chamado ‘As várias caras de Drummond’, que o ‘Bel’ nos apresentou. Ele desenhou e pintou diversos retratos do escritor Carlos Drummond de Andrade. Quatro desses retratos estão na mostra. Todas as fotografias da exposição foram registradas pela minha mãe, Ingrid Trindade, na casa de campo onde ele se hospedou. São alguns dos últimos registros fotográficos de Belchior antes da morte, em 2017”, detalha a curadora.
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Além da Sala Radamés Gnattali, o Acervo Elis Regina também recebe alguns itens da exposição. “Como temos o pijama do Belchior, um livro que ele me indicou e alguns discos, as vitrines expositivas do Acervo Elis Regina nos pareceram o lugar mais adequado. Gostamos da ideia, porque Elis e Belchior têm uma forte ligação além do grande sucesso das composições dele gravadas por ela”, complementa Marina Trindade.
“Contrariando as expectativas de estarmos diante de uma mostra sobre o legado, a vida e a obra de Antônio Carlos Belchior, esta é uma exposição sobre lembranças de quem teve o privilégio de conviver com o artista por alguns meses. Entre documentos, fotografias, discos autografados e objetos pessoais, a mostra apresenta o arquivo pessoal da família Trindade, revelando o período no qual Belchior esteve na cidade de Santa Cruz do Sul, no interior do Estado, de forma misteriosa e reservada. Um recorte temporal nos dez anos em que durou o ‘sumiço’ do cantor.
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Apesar desta circunstância, o cantor criou uma rede de amigos confidentes e um elo afetivo com a família, proporcionando intensa troca de conhecimentos, envolvendo o compartilhamento de poemas, livros e trabalhos autorais. Além de seus arranjos e composições, o cantor pintou algumas das capas de seus álbuns e, neste período, dedicou-se por horas do dia a desenhar em papéis, telas, guardanapos e cadernos.
Essa foi, em grande parte, a maior revelação deste encontro. Enquanto sua dedicação às artes gráficas segue uma incógnita para o grande público, suas poéticas musicais continuam atuais atravessando várias gerações. De genuínos arranjos a complexas ‘tiurias’, o cantor atingiu um território inimaginável ao se tratar de política, literatura e filosofia. Faleceu dia 31 de abril de 2017, na mesma cidade que tão bem o acolheu. De grande valor para a MPB, Belchior será eternamente o músico, o poeta ou apenas um rapaz latino-americano.” (Marina Trindade – historiadora da Arte)
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