Um dos mais ecléticos, abrangentes e referenciais acervos de arte brasileira alguma vez reunidos em Santa Cruz do Sul pode ser conferido pelo público, e com entrada franca, no hall principal, do térreo, na Casa das Artes Regina Simonis. A exposição “Um olhar da Duque sobre a arte brasileira”, com curadoria assinada pela artista plástica Daisy Viola, instrutora de arte no Atelier Livre Xico Stockinger, da Prefeitura de Porto Alegre, traz à cidade 58 obras de alguns dos maiores expoentes das visuais e, na verdade, de cultura brasileira.

Até por essa riqueza de conjunto, é uma oportunidade única (e imperdível) para apreciadores de arte e, mais especialmente, para educandários e estudantes, em todos os níveis de ensino, de conhecer criações de autores de renome. As cerejas do bolo (assim, no plural, porque seria despropósito apontar apenas um artista) talvez estejam nos mestres do Modernismo, mas peças de personalidades contemporâneas também se salientam.

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O recorte abrange o que de melhor se poderia apontar na arte brasileira, mas, nela, os gaúchos igualmente ocupam posição de destaque, tanto em telas, gravuras e xilografias quanto em esculturas, caso do próprio Stockinger, antes referido. E todas as obras encontram-se à venda. A mostra fica no local, em iniciativa da Associação Pró-Cultura de Santa Cruz do Sul e da Galeria e Espaço Cultural Duque, de Porto Alegre, até o dia 26 de julho. A comunidade deve se mobilizar desde já para que iniciativas desse gênero se repitam.

Di Cavalcanti, Tarsila, Portinari, Anita Malfatti, Carybé, Burle Marx: uma lista de luxo

É um exercício de deslumbre apontar, entre as quase seis dezenas de peças da mostra, aquelas que mais geram emoção no espectador. Afinal, está ali um recorte que abarca mais de um século da história e da memória da cultura e da arte brasileira. Tudo reunido num ambiente que é, ele próprio, histórico. Afinal, o prédio da Casa das Artes Regina Simonis foi inaugurado em 1922, então como sede local do Banco Pelotense, no emblemático ano da Semana da Arte Moderna.

E estão contemplados na exposição ninguém menos do que modernistas de primeira hora, como Anita Malfatti (1895-1964), com “Paisagem com Figura”, um óleo sobre cartão; Candido Portinari (1903-1962), com duas peças, “Espantalho” e “Menino Montado sobre Carneiro”, ambas gravuras águas fortes; Tarsila do Amaral (1886-1973), com “An Angler” e “Flor de Manacá”, duas gravuras, e com “Carnaval em Madureira”, uma serigrafia, de 1972, um ano antes de sua morte; e, para emoção completa, Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976), com “Mulher”, óleo sobre tela, de 1964.

Desses clássicos o olhar avança para mestres como o argentino Carybé (1911-1997), com “Mulheres”, guache e vinil sobre cartão, de 1987, desse grande ilustrador que se fixou na Bahia, colaborador de Jorge Amado e de outros escritores consagrados. E segue com Heitor dos Prazeres (1898-1966), com a obra “Frevo”, um óleo sobre eucatex, de 1963; Cicero Dias (1907-2003), com “Mulher na Varanda”, uma serigrafia; e Burle Marx (1909-1994), com um abstrato, acrílica sobre tela, de 1982; entre outras.

Os gaúchos não poderiam ficar de fora, a começar pela qualidade de sua produção no conjunto da arte brasileira. Entre outros, representam o Estado Ado Malagoli (1906-1994), Iberê Camargo (1914-1994) e Xico Stockinger (1919-2009), além da turma de Bagé (Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Glauco Rodrigues), entre inúmeros expoentes, voltados a diferentes temáticas e estilos, e que trabalham com variados suportes. Vale referir ainda Kenji Fukuda, Tomie Ohtake, Enrico Blanco, Carlos Vergara, Djanira da Mota e Silva, Amélia Pastro Maristany e Siron Franco entre as estrelas que marcam presença nesse acervo único e inesquecível.

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Serviço

• O quê: exposição “Um olhar da Duque sobre a arte brasileira”, com curadoria de Daisy Viola
• Onde: na Casa das Artes Regina Simonis, na esquina das ruas Marechal Floriano e Júlio de Castilhos, em Santa Cruz do Sul
• Quando: até o dia 26 de julho
• Visitação: gratuita, de terças a sextas, das 10 às 17 horas, e aos sábados, das 9 às 16 horas; informações pelo fone (51) 3056 2086. As obras estão à venda.

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