Uma trajetória de lutas e resistência contra o racismo estrutural está representada no Centro de Cultura Jornalista Francisco José Frantz, localizado junto à antiga Estação Férrea de Santa Cruz do Sul. Documentos, fotografias e árvores genealógicas de famílias negras residentes na cidade compõem a exposição Força viva da cor preta: União, 100 anos de história, organizada pela Sociedade Cultural e Beneficente União – popularmente conhecida como Uniãozinho.
A abertura para visitas ocorreu na noite dessa segunda-feira, 9, com a presença da diretoria e sócios do clube, além de pessoas incentivadoras da causa. Conforme a presidente da entidade, Marta Nunes, a exposição faz parte das celebrações do centenário do Uniãozinho, comemorado em 2023, e vem sendo preparada há cerca de três anos com o objetivo de representar as contribuições históricas da população negra para a formação sociocultural santa-cruzense.
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Marta destacou que não pode falar da exposição sem citar a invisibilização que histórias negras têm na na cidade. “Nossas histórias não são contadas, ou pelo menos não estão no mesmo patamar de outras famílias de Santa Cruz do Sul. Então, a ideia é trazer à luz a história dessas pessoas que tiveram uma contribuição tão importante”, disse Marta, emocionada, enquanto mostrava o acervo aos visitantes. “Perceber que tu nunca és representado, e no momento em que se vê representado, isso tem um impacto muito grande pra gente”, mencionou.
A iniciativa recebe financiamento da Lei do Patrocínio do Município e do Concurso FAC Patrimônio, do governo do Estado. O acervo é composto, em sua maioria, por materiais coletados e analisados pela historiadora Franciele Oliveira. Ela define a mostra como “representativa de histórias muito potentes de pessoas que trabalharam desde o momento em que pisaram em solo brasileiro; pessoas que, no pós-abolição, resistiram e lutaram muito por direitos, por acesso à educação, para que tivessem direito ao lazer, à cultura e ao esporte”.
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Dinho Barbosa, coordenador de Cultura do Município, foi um dos que participaram da abertura da exposição. Representando a Secretaria Municipal de Cultura, ele avalia que a iniciativa é muito importante por mostrar a pluralidade cultural da cidade. Também afirma que o governo municipal desempenha um papel importante em incentivar a causa. “Termos dentro de um prédio público documentos tão significativos, de uma sociedade centenária que trabalha tanto pela resistência, contribui muito para o crescimento cultural do município”, analisa.
A exposição ficará no Centro de Cultura durante todo este mês e pode ser prestigiada de segunda a sexta-feira, das 8 horas ao meio-dia e das 13 às 17 horas. Escolas que desejarem fazer visitas guiadas devem agendar pelo telefone (55) 99685-4473. Depois, o acervo ainda terá passagem pela Casa das Artes Regina Simonis e cidades vizinhas.
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